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Colômbia perde arquivo eletrônico de paramilitares
Sumiço suspeito contrasta com caso de laptops das Farc
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O desaparecimento dentro
de presídios de um computador, arquivos de memória e
chips de celulares pertencentes
a ex-líderes paramilitares vem
provocando críticas ao governo
do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e comparações com
o caso dos laptops do número
dois das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia),
Raúl Reyes.
Até ontem, não haviam sido
encontrados o computador de
Salvatore Mancuso, principal
líder das AUC (Autodefesas
Unidas da Colômbia), além de
discos rígidos e chips de celulares de outros paramilitares extraditados para os EUA na semana passada. A parafernália
eletrônica era mantida nas celas onde eles estavam.
"Não é muito paradoxal que
os computadores das Farc sobrevivam aos bombardeios [ao
acampamento de Reyes, em 1º
de março] e os dos narcoparamilitares não sobrevivam ao
Inpec [Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário da Colômbia]?", questiona Cláudia
Lopez, uma das principais especialistas em "parapolítica" e
articulista do "El Tiempo".
O próprio jornal, geralmente
pró-governo, ironizou o fato de
os dirigentes das AUC terem direito a todo esse material ao
mesmo tempo em que Uribe
justificou a extradição alegando que eles continuavam organizando delitos do presídio.
"Dotados de telefones e conexão à internet, graças à autorização oficial no marco da Lei
de Justiça e Paz, os chefes paramilitares podiam se comunicar
tranqüilamente com Raimundo e todo o mundo do presídio.
Não surpreende que continuassem delinqüindo", diz o
editorial de ontem.
Sob críticas, o ministro do Interior, Carlos Holguín, assegurou que já foram identificadas
as pessoas que levaram o material de informática. Ele disse
que, se necessário, submeterá o
material à análise da Interpol,
assim como foi feito com os documentos dos computadores
de Reyes, morto em março.
Segundo Holguín, dos 12
computadores pertencentes
aos ex-líderes, 10 estão em poder da Procuradoria Geral.
Para analistas e a oposição, a
extradição dos 14 ex-chefes paramilitares dificultará as investigações sobre seus vínculos
com políticos, que já levaram
33 parlamentares à prisão.
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