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Irã testa com sucesso novo míssil capaz de atingir Israel
EUA confirmam êxito no disparo de foguete, que tem o alcance de 2.000 km
Analistas veem manobra eleitoral, na reta final da campanha, e resposta a declarações de Obama em encontro com israelense
DA REDAÇÃO
Numa demonstração de força às vésperas da eleição presidencial de 12 de junho, o governo iraniano realizou ontem um
bem-sucedido teste com um
novo míssil capaz de atingir alvos a mais de 2.000 km.
Os EUA confirmaram o lançamento e o alcance do foguete,
mas disseram não saber onde
aconteceu o disparo.
Segundo a mídia oficial, o
teste foi feito no deserto de
Semnan (norte) momentos antes da visita à região do presidente e candidato à reeleição
Mahmoud Ahmadinejad.
A TV mostrou imagens de
um foguete subindo no céu,
deixando um rastro de fumaça.
Em discurso a simpatizantes
na Província de Semnan, Ahmadinejad disse que o míssil
lançado é uma versão mais moderna e precisa do Sejil 1 (em
persa, barro incandescente).
Sem dar detalhes, o presidente
afirmou que o foguete "alcançou seu alvo com precisão".
Teerã explicou que o míssil
foi batizado numa referência a
um trecho do Corão, no qual
pássaros enviados por Deus repelem um Exército invasor
com pedras e argila quente.
O Sejil 2 é movido a combustível sólido, o que permite que
seja estocado durante anos sem
ser detectado por radares.
O alcance do míssil terra-terra Sejil 2 é quase igual ao de outros foguetes iranianos, como o
Shahab 3, o que o torna capaz
de atingir alvos em Israel e bases dos EUA no Oriente Médio.
Ahmadinejad questiona o
Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa, mas
nunca disse que tomaria a iniciativa de atacar o país.
Ontem, no entanto, ele ironizou as ameaças de bombardeio
de Israel, dizendo que "não passam de jogo de cena".
Os israelenses, que atualmente são a única potência nuclear do Oriente Médio, temem
que Teerã queira equipar seus
mísseis com bombas atômicas
fabricadas nas suas centrais de
enriquecimento de urânio.
O Irã diz que sua força militar
é defensiva e que seu programa
nuclear visa produzir energia,
não ogivas atômicas.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, advertiu ontem sobre a possibilidade
de uma corrida armamentista
"se o mundo permitir que o Irã
tenha arma nuclear".
O teste com míssil complica a
equação geopolítica em que
Ahmadinejad está inserido.
Alguns analistas afirmam
que a manobra está voltada para o consumo doméstico, como
parte da campanha eleitoral.
Mas a medida pode desagradar
aos iranianos que defendem
uma posição mais conciliadora.
Outros especialistas sustentam que a medida é um aviso ao
presidente Barack Obama, que
busca apaziguar as relações
com o Irã, com quem os EUA
estão rompidos desde 1980.
Teerã, que vinha respondendo aos acenos com sinais positivos, não gostou do que o americano disse na segunda ao receber o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.
Numa tentativa de apaziguar
Netanyahu, Obama afirmou
que "não vai conversar para
sempre" com Teerã sobre o
programa nuclear iraniano e
disse esperar que sua política
de aproximação diplomática dê
frutos até o fim deste ano. Netanyahu agradeceu Obama por
"manter todas as opções sobre
a mesa" -o que incluiria um
ataque ao Irã.
O analista Alex Vatanka, da
revista militar "Jane's", minimizou o lançamento. "O Irã já
tinha capacidade de atingir Israel havia mais de dez anos."
Com agências internacionais
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