São Paulo, quinta-feira, 21 de maio de 2009

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Irã testa com sucesso novo míssil capaz de atingir Israel

EUA confirmam êxito no disparo de foguete, que tem o alcance de 2.000 km

Analistas veem manobra eleitoral, na reta final da campanha, e resposta a declarações de Obama em encontro com israelense

DA REDAÇÃO

Numa demonstração de força às vésperas da eleição presidencial de 12 de junho, o governo iraniano realizou ontem um bem-sucedido teste com um novo míssil capaz de atingir alvos a mais de 2.000 km.
Os EUA confirmaram o lançamento e o alcance do foguete, mas disseram não saber onde aconteceu o disparo.
Segundo a mídia oficial, o teste foi feito no deserto de Semnan (norte) momentos antes da visita à região do presidente e candidato à reeleição Mahmoud Ahmadinejad.
A TV mostrou imagens de um foguete subindo no céu, deixando um rastro de fumaça.
Em discurso a simpatizantes na Província de Semnan, Ahmadinejad disse que o míssil lançado é uma versão mais moderna e precisa do Sejil 1 (em persa, barro incandescente). Sem dar detalhes, o presidente afirmou que o foguete "alcançou seu alvo com precisão".
Teerã explicou que o míssil foi batizado numa referência a um trecho do Corão, no qual pássaros enviados por Deus repelem um Exército invasor com pedras e argila quente.
O Sejil 2 é movido a combustível sólido, o que permite que seja estocado durante anos sem ser detectado por radares.
O alcance do míssil terra-terra Sejil 2 é quase igual ao de outros foguetes iranianos, como o Shahab 3, o que o torna capaz de atingir alvos em Israel e bases dos EUA no Oriente Médio.
Ahmadinejad questiona o Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa, mas nunca disse que tomaria a iniciativa de atacar o país.
Ontem, no entanto, ele ironizou as ameaças de bombardeio de Israel, dizendo que "não passam de jogo de cena".
Os israelenses, que atualmente são a única potência nuclear do Oriente Médio, temem que Teerã queira equipar seus mísseis com bombas atômicas fabricadas nas suas centrais de enriquecimento de urânio.
O Irã diz que sua força militar é defensiva e que seu programa nuclear visa produzir energia, não ogivas atômicas.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, advertiu ontem sobre a possibilidade de uma corrida armamentista "se o mundo permitir que o Irã tenha arma nuclear".
O teste com míssil complica a equação geopolítica em que Ahmadinejad está inserido.
Alguns analistas afirmam que a manobra está voltada para o consumo doméstico, como parte da campanha eleitoral. Mas a medida pode desagradar aos iranianos que defendem uma posição mais conciliadora.
Outros especialistas sustentam que a medida é um aviso ao presidente Barack Obama, que busca apaziguar as relações com o Irã, com quem os EUA estão rompidos desde 1980.
Teerã, que vinha respondendo aos acenos com sinais positivos, não gostou do que o americano disse na segunda ao receber o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.
Numa tentativa de apaziguar Netanyahu, Obama afirmou que "não vai conversar para sempre" com Teerã sobre o programa nuclear iraniano e disse esperar que sua política de aproximação diplomática dê frutos até o fim deste ano. Netanyahu agradeceu Obama por "manter todas as opções sobre a mesa" -o que incluiria um ataque ao Irã.
O analista Alex Vatanka, da revista militar "Jane's", minimizou o lançamento. "O Irã já tinha capacidade de atingir Israel havia mais de dez anos."


Com agências internacionais


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