São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Um dos 2 terroristas que invadiram colônia foi morto por soldados; retaliação mata garoto de 13 anos na Cisjordânia

Ataque palestino em assentamento mata 5

France Presse
Tanques israelenses se perfilam em rua de Beitunia, na Cisjordânia, um dos alvos da resposta de Israel aos recentes atentados


DA REDAÇÃO

Cinco pessoas foram mortas e outras oito feridas por dois palestinos armados que conseguiram se infiltrar em uma casa no assentamento judaico de Itamar, perto de Nablus, na Cisjordânia. Entre os mortos, quatro são da mesma família: a mãe e três filhos. Outro filho foi ferido gravemente. Dos dois terroristas palestinos que invadiram o local, um foi morto e o outro teria escapado.
Em Jenin, um garoto palestino de 13 anos morreu e cinco de seus familiares ficaram feridos, atingidos por destroços de uma casa vizinha, destruída a tiros por tanques israelenses. Mesmo antes do ataque, o Exército de Israel já havia ampliado sua ofensiva na Cisjordânia, entrando em mais três cidades, além de outras três que já havia invadido desde a terça-feira.
Cerca de 1.200 reservistas foram convocados para a operação. As ações fazem parte da resposta aos dois atentados suicidas de palestinos que deixaram 25 mortos em Jerusalém nesta semana.
O grupo extremista Frente Popular para a Libertação da Palestina reivindicou a ação de ontem.
As autoridades não informaram como os dois palestinos conseguiram entrar no assentamento, que estava sendo fortemente protegido pelas forças israelenses.
Os assentamentos já haviam sido declarados, ontem, zona militar fechada, com o acesso permitido apenas a israelenses. Os palestinos que trabalham lá serão impedidos de entrar, o que deve aumentar o desemprego nos territórios, abalando ainda mais a já arrasada economia palestina.
Segundo a nova política de Israel para combater o terrorismo, "partes do território palestino serão ocupadas enquanto continuarem os atentados". Com o fim do terror, as tropas se retirariam.
O ministro da Defesa de Israel, Binyamin ben Eliezer, que discorda do premiê Ariel Sharon sobre uma presença prolongada nas áreas palestinas, afirmou que, "diante da nova realidade, é preciso aprofundar a presença israelense". Para ele, a atual resposta deve durar cerca de três semanas.
Para Israel, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) é responsável pela onda de atentados, pois não combate e estimula extremistas.
O presidente da ANP, Iasser Arafat, condenou ontem os ataques por meio de comunicado distribuído pela agência de notícias palestina Wafa. Porém não fez discurso combatendo os atentados pela TV, como ocorreu em outras oportunidades. Os EUA disseram que a condenação de Arafat foi "insuficiente".
O grupo extremista Hamas, autor do atentado de terça, o maior desde 1996 em Jerusalém, disse que seguirá com os ataques.
Apesar da violência, Washington disse que o presidente dos EUA, George W. Bush, manteve a decisão de lançar uma nova iniciativa de paz em breve, que prevê um pedido para a criação de um Estado palestino provisório entre o fim deste ano e o início de próximo. Segundo fontes, esse Estado não teria fronteiras definidas e somente seria criado se a ANP conseguir controlar o terror. Um Estado permanente deveria ser criado em três anos, após negociação dos temas mais delicados.
Nas ações de ontem na Cisjordânia, as forças israelenses detiveram 2.500 palestinos para interrogatórios em Jenin. Cerca de mil continuaram presos para investigação. Foram instalados postos de comando militares e decretados toques de recolher na cidade e também em Qalqilya. Operações também foram realizadas em Nablus, Tulkarem e Beitunia.
Outra cidade invadida por Israel foi Belém. Religiosos decidiram fechar a igreja da Natividade para impedir que palestinos se refugiassem no local, como ocorreu durante a ofensiva israelense entre março e maio.

Com agências internacionais


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