DA REDAÇÃO

Um avião sem contato com as torres do aeroporto entrou no espaço aéreo de Washington na noite de anteontem. Caças F-16 foram enviados para intercepta-lo e a Casa Branca foi esvaziada. No fim, era apenas um monomotor perdido, mas um sinal preocupante permaneceu: se fosse um atentado, os caças não conseguiriam alcançar a aeronave antes que ela se lançasse sobre a Casa Branca.
Segundo autoridades, o monomotor, um Cessna-182, passou a poucos quilômetros da residência oficial do presidente, enquanto os jatos da base aérea de Andrews, em Maryland, estavam a uma distância que poderia ser coberta em no mínimo 15 minutos.
Ou seja, os caças não conseguiriam interceptar o Cessna.
"Precisamos de uma área maior de segurança ou então uma força de combate voando constantemente perto da Casa Branca", disse uma da autoridade.
Patrulhas aéreas constantes sobre Nova York e Washington foram montadas depois dos ataques terroristas de 11 de setembro, mas acabaram interrompidas em abril por causa dos altos custos das operações e da dificuldade de manter tripulações ativas.
Durante o alerta, o Serviço Secreto esvaziou a Casa Branca em poucos minutos, mas o presidente George W. Bush e sua mulher, Laura, ficaram no local.
"O presidente não foi informado do acontecido nem colocado em um local de segurança porque isso não se justificaria pela natureza da ameaça", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.

Espaço aéreo
O Cessna não violou o espaço aéreo da Casa Branca, disse Laura Brown, porta-voz da FAA (agência de aviação civil dos EUA). Essa zona restrita tem um raio de 24 km a partir do monumento a George Washington, próximo à residência presidencial.
O avião, entretanto, violou as regras do espaço aéreo da capital, que exigem que aeronaves sobrevoando Washington mantenham uma altitude mínima de 5.500 m.
Essa categoria de avião chega, segundo o fabricante, ao máximo de 145 km/h, pesa, totalmente carregado, cerca de 1.200 kg e alcança pouco mais de 6.000 metros.
Os caças escoltaram o monomotor até que ele pousasse em Richmond, na Virgínia. O plano original de vôo mostrava a rota entre os Estados de Massachusetts (nordeste) e Carolina do Norte (sudeste).
Pode ser que o piloto seja liberado incólume após um interrogatório, mas a FAA pode também dar a ele uma advertência ou suspender seu brevê.

Vazamentos
Ontem, o presidente Bush se disse "profundamente preocupado" com o vazamento de informações importantes que estariam sendo discutidas no Congresso, no marco das investigações sobre as falhas dos serviços de inteligência antes de 11 de setembro.
Anteontem foi divulgada a informação de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) havia interceptado mensagens telefônicas no dia 10 de setembro que diziam "amanhã será a hora zero" e "a partida começa amanhã". Essas mensagens, porém, só foram traduzidas no dia 12 de setembro.
"O presidente tem profundas preocupações sobre qualquer coisa que possa ser inapropriadamente vazada e que possa colocar em perigo a habilidade dos EUA de juntar informações e mesmo que possa prejudicar nossa habilidade de manter fontes e métodos na guerra contra o terror", disse Fleischer, indicando que a fonte dos vazamentos foi o Congresso.