São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Governo diz que acabará com extremismo islâmico no reino; corpo de americano ainda não foi encontrado

Al Qaeda já tem novo líder na Arábia Saudita

DA REDAÇÃO

Enquanto o governo saudita ameaça pôr fim ao extremismo islâmico no reino, a Al Qaeda anunciou, de acordo com um site ligado à rede terrorista, que já nomeou um novo líder para sua célula na Arábia Saudita.
Saleh al Awfi, que já trabalhou como guarda para o governo saudita e foi funcionário do Ministério do Interior, substituirá o líder Abdulaziz al Muqrin, morto na sexta-feira pelas forças de segurança do reino após a decapitação do engenheiro americano Paul Johnson.
O novo líder é o número cinco na lista dos 26 terroristas mais procurados na Arábia Saudita, apesar de especialistas terem afirmado à rede de notícias americana CNN que falta a Al Awfi a experiência operacional que Al Muqrin possuía.
Ao mesmo tempo que a Al Qaeda se rearticulava após as quatro mortes de sexta-feira e prometia continuar com a guerra santa no país, o governo saudita afirmava que não iria permitir que os militantes islâmicos desestabilizassem o reino e que eles terão o mesmo destino que Al Muqrin se não se arrependerem.
"Não vamos permitir que um grupo corrupto comandado por ideais deturpados viole a segurança e a estabilidade do país", declarou o rei Fahd. "Os verdadeiros muçulmanos não têm nada a ver com essas ações e não são simpáticos aos que as realizam", acrescentou.
Junto com Al Muqrin, as forças de segurança saudita mataram na sexta-feira outros três membros da Al Qaeda. Um deles, Faisal al Dakhil, era considerado um dos líderes da célula da rede na Arábia Saudita e parecia estar envolvido também na morte de Robert Jacobs, funcionário da Vinnel, um dos três americanos mortos no reino apenas neste mês.
Também morreram Turky al Mutairi, acusado de ser um dos três militantes que fugiram após o atentado na cidade petrolífera de Khobar -que deixou 22 mortos, entre eles 19 estrangeiros-, e Ibrahim al Durayhim, que, entre outros crimes, teria participado do atentado com carro-bomba em um complexo residencial de Riad, em novembro passado, que matou ao menos 18 pessoas.
Na operação, foram presos mais 12 supostos militantes. Há relatos de que Rakan Mohsen Mohammed al Saykhan, outro líder da organização, tenha sido preso.

Conivência
A Al Qaeda declarou que simpatizantes dentro das próprias forças de segurança sauditas ajudaram suas ações para que o seqüestro de Paul Johnson ocorresse, o que contribui para aumentar as desconfianças -que já haviam sido levantadas após o atentado em Khobar, no fim de maio- de que existem extremistas infiltrados no órgão.
Os detalhes do seqüestro do funcionário da Lockheed Martin, no último dia 12 de junho, foram relatados no "Sawt al Jihad" (voz do jihad), um jornal eletrônico publicado quinzenalmente pela rede terrorista Al Qaeda na península Arábica.
De acordo com o periódico, integrantes das forças de segurança sauditas forneceram uniformes e carros e montaram falsos postos de controle para facilitar o seqüestro do engenheiro, além de explodirem depois o carro de Johnson.
Contrariando as informações divulgadas na sexta-feira, o corpo do americano ainda não foi achado. Adel al Jubeir, assessor para Relações Exteriores do príncipe regente saudita, Abdullah, disse anteontem ser incorreta a informação de que o corpo de Johnson havia sido encontrado. "Estamos procurando o corpo." Jubeir acredita que ele esteja na área de Riad.
Na busca pelo corpo e pelos extremistas que estariam envolvidos nos assassinato, as forças de segurança cercaram ontem uma casa no centro da capital onde militantes teriam se refugiado depois de uma troca de tiros.
Ontem, o Irã condenou a decapitação de Johnson, mas afirmou que a política externa americana é responsável pelo aumento do terrorismo no mundo.


Com agências internacionais


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