São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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Maior central sindical nega apoio a ex-general

DA REDAÇÃO

Nem González Macchi nem Oviedo. Para a Central Nacional dos Trabalhadores, principal central sindical do Paraguai, a oposição aferrada ao atual governo não significa, de nenhuma forma, adesão ao ex-general.
"[Luiz] González Macchi não representa os interesses nacionais, mas tampouco deve ser derrubado para dar lugar a um projeto fascista como o de [Lino" Oviedo", disse à Folha o secretário-geral-adjunto da central, Juan Torrales. Segundo ele, a organização não teve participação nas manifestações que pediam a renúncia do presidente, na última segunda-feira, supostamente organizadas por Oviedo e seus simpatizantes.
"Ele não representa as aspirações do setor social, então vai fracassar sempre em suas tentativas de golpe, pois não tem apoio", disse. Leia a seguir trechos da entrevista que concedeu à Folha, por telefone, de Assunção. (RW)

Folha - Vocês participaram das manifestações contra o governo na última segunda-feira?
Juan Torrales -
Não. Repudiamos a repressão e a violação aos direitos humanos e ao respeito à livre manifestação. Nisso somos categóricos. Mas também não podemos apoiar o plano de um setor político que quer tomar conta do país com um projeto fascista.

Folha - O sr. se refere ao ex-general Lino Oviedo?
Torrales -
Concretamente considero que o ex-general Oviedo representa uma posição fascista que se reflete em sua posição golpista.

Folha - E vocês apóiam o governo de Luiz González Macchi?
Torrales -
Não estamos de acordo com o governo nacional, porque ele está em dívida com a sociedade paraguaia. A atual política econômica leva ao caos todo o povo e não responde às expectativas da sociedade paraguaia. O governo não adota uma política que atenda às necessidades mais urgentes de nosso povo.

Folha - Vocês defendem a saída de González Macchi?
Torrales -
Não. Queremos uma reorientação da política econômica para o setor produtivo, para que o país cresça e haja geração de empregos. González Macchi não representa os interesses nacionais, mas tampouco deve ser derrubado para dar lugar a um projeto fascista como o de Oviedo.

Folha - Oviedo ou algum de seus seguidores pediu o apoio de vocês para as manifestações de segunda?
Torrales -
Nunca tivemos contatos com o oviedismo. Esse projeto não representa o espírito democrático que defendemos.

Folha - O governo conseguirá se livrar das ameaças de desestabilização pela sombra de Oviedo?
Torrales -
Acho que o ex-general Oviedo não representa as aspirações do setor social, então vai fracassar sempre em suas tentativas de golpe, pois não tem apoio. Mas ele continuará como uma sombra para González Macchi, pois eles também têm, no seio do Partido Colorado, simpatizantes de Oviedo. Os partidários de Oviedo no Partido Colorado é que serão a sombra para o atual e para os próximos presidentes.



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