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SAÚDE
Estudo diz que potência da droga dobrou em 15 anos; desde 1992, tratamento de crianças e adolescentes subiu 142%
EUA planejam ampliar guerra à maconha
DA REUTERS
Alarmadas por estudos que
afirmam que a maconha está ficando mais potente, autoridades
americanas e dos institutos nacionais de saúde dos EUA pretendem desviar recursos para pesquisas e combate à droga que
atualmente são destinados a substâncias mais "pesadas", como cocaína e heroína.
Apesar de o consumo de maconha entre crianças e adolescentes
estar caindo nos EUA, as autoridades preocupam-se com o fato
de que a droga está sendo experimentada cada vez mais cedo, numa fase em que o corpo está mais
vulnerável a efeitos colaterais nocivos. "A maioria das pessoas
acredita que a maconha seja uma
droga leve, não uma droga que
causa problemas sérios", diz John
Walters, chefe do Escritório de
Política Nacional para o Controle
de Drogas, da Casa Branca.
"Mas a maconha hoje é um problema muito mais sério do que a
maior parte dos americanos compreende. Não acho que as pessoas
fossem entender a gravidade se se
dissesse a elas que 1 em cada 5 jovens de 12 a 17 anos que consumiram maconha precisa de tratamento", acrescenta.
O número de crianças e adolescentes em tratamento contra consumo e dependência de maconha
cresceu 142% desde 1992, segundo relatório divulgado em abril
pelo Centro Nacional de Consumo e Dependência de Drogas, ligado à Universidade Columbia.
O relatório também afirma que
crianças e adolescentes têm três
vezes mais chances de fazer tratamento contra a maconha do que
por abuso de álcool. Numa comparação com todas as drogas ilegais somadas, as chances são seis
vezes maiores.
Outra descoberta anunciada pelo relatório é que a idade em que o
consumo de maconha se inicia é
menor agora. Na média, jovens de
12 a 17 anos disseram que fumaram a droga pela primeira vez
com 13,5 anos. Adultos que têm
entre 18 e 25 anos ouvidos pela
pesquisa afirmaram que sua primeira vez foi aos 16 anos.
Um outro estudo, feito pelo Instituto Nacional do Consumo
Abusivo de Drogas, afirma que a
potência da maconha está aumentando gradativamente. De
acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade do Mississippi, os índices médios de THC,
o princípio ativo da maconha, subiram de 3,5% em 1988 para mais
de 7% em 2003.
Os defensores da descriminalização contestam esse alerta. "Eles
dão a entender que os níveis de
THC eram quase inexistentes,
mas ninguém fumaria maconha
se isso fosse verdade", rebate
Krissy Oechslin, do Projeto de Política para a Maconha. "E há evidências de que, quanto mais forte
o THC, menos a pessoa fuma.
Não quero dizer que seja bom,
mas diria que [maconha mais potente] é menos ruim."
A administração do presidente
George W. Bush adotou uma política mais dura em relação à maconha, numa decisão contrária à
de outros países. O governo vem
combatendo na Justiça os Estados
que permitem o uso da droga
com fins terapêuticos. Atualmente, nove Estados americanos têm
leis a esse respeito.
À venda em farmácias
No Canadá, farmácias da Colúmbia Britânica passarão, dentro
de alguns meses, a vender maconha para tratamento médico. Espanha, Portugal, Itália, Holanda e
Bélgica já adotaram leis descriminalizando a posse.
No começo do ano, o Reino
Unido rebaixou a classificação da
maconha como droga. De classe
B, a maconha foi para classe C,
uma categoria mais leve, onde estão antidepressivos, anabolizantes e tranqüilizantes. Na prática,
significa que o consumo e a posse
de pequenas quantidades não devem ser passíveis, na maioria dos
casos, de punição com prisão.
No Brasil, a maconha está incluída no mesmo grupo de outras
drogas mais pesadas, como cocaína e heroína. De acordo com a
Constituição, o tráfico de drogas é
um crime hediondo, o que o torna
mais grave do que a posse de entorpecentes para uso pessoal.
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