São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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ÁFRICA

Segundo a organização, 3,6 milhões estão sob risco de morrer de desnutrição

ONU alerta sobre catástrofe no Níger

DA REDAÇÃO

Relatório da ONU divulgado na terça-feira mostrou que cerca de 3,6 milhões de pessoas estão à beira de morrer de fome no Níger (centro-norte da África). Isso porque, diz a instituição, a comunidade internacional ignorou os insistentes apelos de ajuda ao país.
O responsável pela área de ajuda humanitária da ONU, Jan Egeland, disse que a colheita do país foi devastada no ano passado por uma praga de gafanhotos e por uma seca que durou até o começo deste mês. Ele afirmou que a comunidade internacional vem sendo alertada desde novembro do ano passado, mas praticamente nada fez até agora.
A ONU fez um pedido de ajuda em novembro, mas foi ignorada. Em março deste ano, solicitou US$ 16 milhões e obteve apenas US$ 1 milhão. O último pedido foi em 25 de maio, quando foram obtidos US$ 10 milhões, embora houvessem sido solicitados mais de US$ 30 milhões.
"É muito pouco", afirmou Egeland. "Cerca de 800 mil crianças sofrem de subnutrição e 150 mil morrerão em breve."
Ele disse que a ONU colocou em marcha uma operação de emergência para enviar à região 23 mil toneladas de comida nos próximos dias.
Revoltadas com a falta de ajuda dos governos, as agências humanitárias criticaram a postura da comunidade internacional e afirmaram que a crise poderia ter sido evitada.
O chefe do Programa Mundial de Alimentação da ONU, Gian Carlo Cirri, disse que havia um plano para evitar a tragédia, mas não houve como colocá-lo em prática por falta de fundos.
Segundo Jan Egeland, se a comunidade internacional tivesse respondido quando a ajuda foi solicitada, teria custado US$ 1 por dia para evitar a subnutrição entre as crianças. Devido ao agravamento da crise, hoje custará US$ 80 para salvar a vida de cada criança subnutrida.

Apelos desesperados
A ONG britânica Oxfam fez ontem um apelo para conseguir doações em dinheiro, afirmando que mães desesperadas no Níger estão alimentando seus filhos com folhas para mantê-los vivos.
"A situação é crítica. A comida que existe no país não pode ser comprada pela maioria das pessoas porque os preços subiram muito. Além disso, não está prevista nenhuma colheita para os próximos três meses", disse Natasha Kafoworola Quist, diretora da Oxfam para a África que está no Níger atualmente.
Classificado como o segundo país mais pobre do mundo depois de Serra Leoa, o Níger enfrenta freqüentemente o problema da falta de alimentos. Mas a seca do último ano, somada à praga de gafanhotos e à indiferença da comunidade internacional, está causando a mais grave crise da história do país africano.


Com agências internacionais

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