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SEM MULHER
Aborto e morte de meninas nos anos 80 e 90 condenam parte da população masculina à solidão, dizem demógrafos
"Sobram" 25 milhões de homens na China
DA REDAÇÃO
Cerca de 25 milhões de jovens
chineses -todos homens- podem estar fadados ao solteirismo
pelo resto da vida, alertam demógrafos que participam de um congresso na França.
É esse, segundo os estudiosos, o
efeito colateral da onda de abortos e infanticídio de bebês do sexo
feminino que acometeu a superpopulosa China nos anos 80 e 90,
por conta da política governamental de incentivar as famílias a
terem apenas um filho.
"A China vai ter cerca de 25 milhões de homens em idade de se
casar que não conseguirão encontrar mulher", disseram Dudley
Poston Jr. e Karen Glover, da Universidad do Texas, durante um
congresso internacional de demografia em Tours.
Segundo os especialistas, desde
o começo dos anos 80, vêm nascendo muito mais homens do que
mulheres na China.
Isso ocorre porque, no fim dos
anos 70, o governo chinês adotou,
diante de uma população de mais
de 1 bilhão, uma política de planejamento familiar que penalizava
financeiramente casais com mais
de um filho (em algumas áreas rurais eram tolerados dois, caso o
primogênito fosse mulher).
Por questões econômicas -um
homem poderia contribuir mais
para o sustento da família- muitos casais preferiam um filho do
sexo masculino. Ao se descobrirem pais de uma menina, abortavam o feto, cometiam infanticídio
ou abandonavam o bebê.
O desequilíbrio criado deve se
fazer sentir sobretudo entre 2015 e
2030, disseram os demógrafos.
Aumento da criminalidade
"Que farão todos esses homens
quando não encontrarem mulher?" indagaram retoricamente
os pesquisadores.
Eles descartaram um aumento
do homossexualismo ou da poligamia no país. Mas apostam no
surgimento de verdadeiros guetos
masculinos em Pequim, Shangai e
outras cidades grandes, o que viria acompanhado de um aumento da criminalidade, da prostituição e de doenças sexualmente
transmissíveis.
"Normalmente, nascem no
mundo 105 meninos para cada
100 meninas. É uma constante
biológica", afirmou Gilles Pison,
do Instituto Nacional de Estudos
Demográficos da França. No Sudeste Asiático, no entanto, a proporção atualmente é de 117 meninos para cada 100 meninas.
"O desequilíbrio entre os sexos
também ocorre em Hong Kong.
Recentemente, descobriu-se a
prática de abortos seletivos na
Geórgia, no Azerbaijão e na Armênia. O fenômeno também está
crescendo na Índia", outro país
cuja população superou 1 bilhão,
disse Pison.
Esses países, afirmam os demógrafos, podem sofrer uma redução da população. "Para garantir
a existência de novas gerações, cada mulher deve ter uma média de
2,1 filhos, se a proporção entre
meninos e meninas for equilibrada. Com 120 homens para cada
100 mulheres, essa média sobe para 2,3."
A expectativa é que a melhora
da imagem das mulheres e a aquisição de mais direitos femininos
nesses países ajudem a corrigir o
desequilíbrio.
Com a agência France Presse
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