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VENEZUELA
Batidos em plebiscito, opositores agora dizem que não confiam no sistema de votação para o pleito regional de setembro
Oposição a Chávez ameaça boicotar eleição
DA REDAÇÃO
Após perder o plebiscito do último domingo, a oposição venezuelana ameaçou ontem boicotar
as eleições regionais, sob a alegação de que houve fraudes na votação que manteve o presidente
Hugo Chávez no poder. Ontem,
resultado parcial de uma auditoria do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) acompanhada por observadores internacionais voltou
a descartar irregularidades.
Opositores do presidente afirmam que não faz sentido participar das cruciais eleições de 26 de
setembro, que elegerão governadores e prefeitos, por causa das
supostas fraudes do plebiscito e
da falta de credibilidade do CNE.
Dos cinco reitores (juízes) do órgão máximo do chamado Poder
Eleitoral, três são considerados
pró-Chávez.
"Esse CNE e o sistema de votação não criam o contexto apropriado para participar em qualquer processo eleitoral", disse o
porta-voz da Coordenação Democrática (CD, coalizão oposicionista) Jesus Torrealba à agência
de notícias Reuters.
O Centro Carter e a OEA (Organização dos Estados Americanos), que atuam como observadores internacionais no plebiscito, ratificaram na segunda-feira a
vitória de Chávez, que recebeu
cerca de 59% dos votos.
A oposição controla 7 dos 23 Estados venezuelanos e muitas das
337 prefeituras. Um boicote da
oposição poderia assegurar essas
posições a aliados de Chávez.
Torrealba disse que a oposição
corre o risco de "cometer suicídio
ou de ser morta" nas eleições do
próximo mês.
Em entrevista à Folha, ontem, o
deputado Felipe Mujica, um dos
coordenadores da CD, disse que o
tema deve ser decidido na semana
que vem e também criticou o
CNE: "O órgão perdeu sua condição de árbitro".
Auditoria
Ontem, a Venezuela esperava o
resultado final de uma auditoria
sobre o plebiscito após a denúncia
de "fraude maciça" pela oposição
-que, no entanto, está boicotando a revisão por amostragem.
Em declaração à tarde, o reitor
do CNE Jorge Rodríguez, tido como chavista, disse que 58% da auditoria estava concluída e que o
resultado "é muito satisfatório".
O secretário-geral da OEA, César Gaviria, chegou ontem a Caracas para receber pessoalmente o
resultado da auditoria e manteve
um encontro com a oposição.
No encontro, os oposicionistas
entregaram supostas provas de
fraude e criticaram o chefe da
missão da OEA na Venezuela, o
embaixador brasileiro Valter
Pecly, por ter "se adiantado" e ratificado o plebiscito.
O integrante da CD Timóteo
Zambrano disse que encontrou
uma situação recorrente: em várias atas do mesmo centro eleitoral, o número de votos para a oposição era o mesmo, o que seria estatisticamente "impossível".
A OEA diz que o "sistema eletrônico de votação e transmissão
de dados tem todas as condições
para assegurar o sigilo e a fidelidade do voto, assim como a transparência do processo".
Com agências internacionais
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