São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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Irã inaugura central de energia nuclear

Primeira planta do país, construída com ajuda da Rússia e monitorada por agência da ONU, será aberta hoje

Autoridades dizem que reator tem uso apenas civil; temor do Ocidente é o enriquecimento de urânio para fins bélicos


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Irã dará um passo importante em seu programa nuclear ao colocar em funcionamento, hoje, sua primeira central para a produção de energia nuclear.
A central de Bushehr, no sul do país, foi construída com ajuda da Rússia e funcionará com urânio enriquecido provido pelos russos, responsáveis por recolher o combustível usado e levá-lo de volta a Moscou.
Desse modo, espera-se que ele não possa ser usado pelo Irã para construir armas atômicas.
Como Bushehr deve ser monitorada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), não contribuirá, segundo especialistas, para a proliferação de armas nucleares.
E não tem relação com o programa iraniano de enriquecimento de urânio -principal fonte de preocupação do Ocidente e motivo das sanções impostas ao Irã pela ONU (com apoio russo) e, unilateralmente, por EUA e União Europeia.
O projeto começou em 1974, foi suspenso após a Revolução Islâmica (1979) e em 1995 passou a contar com o envolvimento russo.
Custou estimado US$ 1 bilhão e representa para o Irã o domínio de mais uma etapa de conhecimento nuclear, indo além do processo de enriquecimento de urânio feito em centrífugas de usinas como Natanz e Qom.
O Ocidente -que acusa Teerã de buscar a bomba atômica- não tentou impedir o funcionamento de Bushehr, mas criticou o envolvimento russo no projeto.
Autoridades russas e iranianas dizem que a planta tem uso unicamente civil e atestam o interesse de Teerã em manter um programa nuclear de fins pacíficos.
A central "mostra a determinação e a capacidade iranianas de perseguir suas atividades nucleares", disse Javad Karimi, parlamentar iraniano. Outra autoridade afirmou que o projeto atesta "o fracasso das sanções" ao Irã.
Moscou, que conseguiu que a ONU excluísse Bushehr do embargo internacional de tecnologia nuclear ao Irã, defende que a colaboração na central pode facilitar a retomada do diálogo global sobre o programa de enriquecimento de urânio iraniano.
Ainda assim, críticos mais linha-dura do Irã dizem que a planta desrespeita as sanções da ONU e pode ajudar na suposta busca iraniana por armas atômicas.
O enviado do Irã à AIEA, Ali Asghar Soltanieh, disse que eventual ataque à planta violaria normas da ONU.

CAPACIDADE
Teerã planejava marcar a inauguração do reator com celebrações por todo o país.
Bushehr terá capacidade de produção de 1.000 megawatts (em comparação, a de Angra 2 é de 1.350 MW) e usará urânio enriquecido em nível de 3,5% (contra 90% do necessário para a bomba).
Os EUA, por sua vez, acalmaram Israel -adversário de Teerã- quanto à proximidade do Irã em obter a bomba atômica, dizendo que o país persa levaria ao menos um ano para iniciá-la.


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