São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Risco de proliferação atômica é descartado

SIMON MORGAN
FRANCE PRESSE

A primeira central nuclear iraniana, que entrará em funcionamento hoje, não representa perigo de proliferação atômica, apesar da preocupação persistente do Ocidente com relação aos objetivos últimos de Teerã.
A Rússia, que ajudou a construir a central, conseguiu que a ONU excluísse Bushehr do embargo internacional à transferência de equipamentos e tecnologia nucleares ao Irã, comprometendo-se a fornecer o combustível usado pela central. Moscou deu ainda garantia total de que o uso da central será exclusivamente civil.
O Ocidente, em especial os EUA, defendem há anos que a República Islâmica visa usar seu programa nuclear civil para se dotar de armas atômicas. Teerã nega.
Alguns observadores receiam que o combustível usado em Bushehr possa ser empregado para a fabricação de armas atômicas.
Porém, a central se encontra sob o regime de salvaguarda da AIEA, o que significa que seus inspetores vão vigiar de perto o início da produção energética. Para Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, "se o Irã tentar desviar o combustível usado para convertê-lo em plutônio ou usar o combustível de origem para enriquecê-lo para graus mais altos", isso será descoberto.
Na opinião dele, as muitas declarações sobre os perigos de Bushehr "podem desviar a atenção dos reais perigos de proliferação representados pelos centros de enriquecimento iranianos e pelo reator de pesquisas de Arak, que, este sim, poderia servir para produzir plutônio".
De acordo com Mark Hibbs, do centro de pesquisas Carnegie Endowment, "cada reator nuclear encerra teoricamente uma ameaça de proliferação". Mas, nos últimos 50 anos, não ocorreram desvios "de combustível de centrais nucleares sob supervisão da AIEA para a produção de bombas".

Tradução de CLARA ALLAIN



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