São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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Desabrigados de Gaza tomam edifício do governo do Hamas

43 famílias que vivam em barracas ocupam prédio inacabado

DA REUTERS, EM GAZA

Cerca de 40 famílias cujas casas foram destruídas em conflitos com Israel ocuparam nesta semana um edifício pertencente ao Hamas, que governa a faixa de Gaza, em um sinal de insatisfação quanto à incapacidade do movimento islâmico de lhes fornecer abrigo.
Enfurecidos depois de passarem dois invernos vivendo em barracas e por conta da onda de calor escaldante que agora os sufoca, os ativistas ocuparam um edifício de apartamentos inacabado, e já resistiram a uma operação da polícia para expulsá-los. "O frio e o calor prejudicaram nossas crianças. Onde estavam vocês?", proclama uma faixa afixada a uma parede externa do edifício.

PRIMEIRA AÇÃO
Trata-se da primeira ação aberta contra propriedades estatais desde que o Hamas assumiu o poder em Gaza em 2007, derrubando forças leais ao movimento Fatah, de Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Bassam Jamil, um dos invasores, informou que 43 famílias haviam se instalado no edifício ainda em construção, na cidade de Jabalya, no norte de Gaza. O imóvel pertence ao Ministério da Habitação, administrado pelo Hamas. "Perdemos a fé em que alguém seja capaz de reconstruir nossas casas. Decidimos nos abrigar no edifício contra o calor das barracas em que estávamos vivendo", disse Jamil.

PROMESSAS E BLOQUEIOS
Milhares de residências e fábricas foram destruídas por bombardeios aéreos e da artilharia israelenses em uma ofensiva de três semanas conduzida entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 contra militantes do Hamas.
O objetivo era impedir que continuassem disparando foguetes contra cidades israelenses próximas da faixa de Gaza.
Doadores internacionais prometeram US$ 5 bilhões em assistência para a reconstrução do território, mas não chegou dinheiro algum, em parte devido à disputa entre a Fatah e o Hamas.
O bloqueio israelense à faixa de Gaza também restringe a chegada de suprimentos como o cimento e o aço, que, de acordo com as autoridades de Israel, poderiam ser usados pelo Hamas para fins militares.
No começo da semana, a polícia do Hamas tentou expulsar as famílias do edifício, mas enfrentou resistência de mulheres e crianças. O edifício contém 44 apartamentos inacabados. Os ocupantes dizem que ainda assim são melhores do que as barracas que usavam.
Eles instalaram portas e agora estão solicitando que as autoridades municipais liguem a água e a luz.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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