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OFENSIVA DIPLOMÁTICA
As Farc, maior grupo guerrilheiro colombiano, buscam reconhecimento político de países vizinhos
Guerrilha quer ter escritório no Brasil
FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos
LARISSA PURVINNI
da Redação
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal movimento guerrilheiro colombiano, incluíram o Brasil em
sua ofensiva diplomática e querem conseguir do governo autorização para instalar um escritório
de representação no país.
A guerrilha já tem uma sede no
México, autorizada pelo governo
daquele país. O representante das
Farc no Brasil, Hernán Ramirez,
afirmou que vem mantendo contatos com parlamentares em Brasília a fim de obter a autorização.
Segundo ele, o principal interlocutor do grupo é o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder
do governo no Congresso.
Ontem, o deputado estava no
Acre. A assessoria de Virgílio confirmou ter havido "há meses" visita de membros das Farc ao gabinete do deputado, mas não soube
dizer o resultado do encontro.
O Itamaraty informou que o governo brasileiro não mantém diálogo de nenhuma natureza com
as Farc. Segundo o Itamaraty, a
autorização para o funcionamento de escritórios de representação
diplomática restringe-se a governos estrangeiros e a organizações
internacionais reconhecidas.
Segundo o deputado Nilmário
Miranda (PT-MG), os representantes das Farc intensificaram as
visitas à Câmara e se comunicam
com os deputados por e-mail.
As Farc afirmam que o interesse
do grupo no Brasil é firmar relações político-diplomáticas e fazer
pontes com o governo para solicitar o reconhecimento da guerrilha como "força beligerante".
Segundo o cientista político colombiano Alfredo Rangel, isso
significaria passar a tratar a guerrilha como um Exército que disputa a soberania com o governo
colombiano, ou seja, tratá-la como um Estado em formação.
Rangel afirma que as Farc mudaram sua estratégia. "A diplomacia guerrilheira estava voltada
aos partidos políticos. Agora, as
Farc tentam contato direto com
os governos dos vários países."
No entanto, apenas a Venezuela
reconheceu a guerrilha como interlocutor válido. O presidente
Hugo Chávez manifestou-se disposto a se reunir com as Farc e gerou protesto da Colômbia, que
considera a iniciativa uma interferência em assuntos internos.
A iniciativa diplomática também pode ser vista como reação
às declarações de autoridades dos
EUA, como o "czar" antidrogas
dos EUA, Barry McCaffrey, vinculando o grupo ao narcotráfico.
MacCaffrey chega na segunda ao
Brasil para encontros com autoridades governamentais.
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