DA REDAÇÃO

O papa Bento 16 terá imunidade por ser chefe do Estado do Vaticano em uma ação na qual é acusado de acobertar um caso de abuso sexual, informou ontem a Justiça norte-americana.
Peter Keisler, do Departamento da Justiça dos EUA, disse que encaminhar o processo sem a concessão de imunidade a Bento 16 seria "incompatível com os interesses da política de relações exteriores norte-americana".
A ação data de 1994, quando o seminarista colombiano Juan Carlos Patiño-Arango foi acusado de abusar sexualmente de três garotos durante sessões de aconselhamento em uma igreja de Houston (Texas).
Uma carta de Bento 16, à época chefe da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, é citada no documento. Nela o ex-cardeal Joseph Ratzinger pede aos bispos de todo o mundo que crimes como o abuso sexual de menores sejam tratados por sua congregação e que as atas dos tribunais especiais da igreja que tratavam do caso fossem submetidas ao "segredo pontifício".
O Vaticano e a Conferência Católica dos Bispos dos EUA afirmam que esses procedimentos não servem para encobrir os casos de abuso sexual ou impedir que vítimas denunciem os crimes às autoridades, mas estão relacionados às leis da igreja.
Daniel Shea, advogado de um dos garotos, declarou que iria contestar a constitucionalidade da medida. Especialistas legais dizem que as chances de vencer a batalha jurídica são reduzidas em razão do histórico de vitórias do Vaticano em casos desse tipo.