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Polarização e tamanho de crise freiam avanço de Obama
Inexperiência também pesa para que crescimento de opositor em meio ao colapso financeiro sob o atual governo ainda seja tímido
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Embora a história americana
mostre que a oposição se beneficia de crises econômicas ocorridas em meio a eleições, o candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, ainda não
parece computar lucros com a
turbulência financeira que derruba gigantes de Wall Street.
Ao final de uma semana de
catástrofe no mercado, Obama,
apesar de avanço recente, voltou à posição que já ocupava no
começo de agosto, antes das
convenções partidárias, com
média de vantagem de dois
pontos sobre o republicano
John McCain (47,3% a 45,4%,
segundo o Real Clear Politics).
Apesar de ser cedo para sentir todo o efeito da crise econômica nas pesquisas eleitorais,
para o especialista em política
Robert Shapiro, da Universidade Columbia, o democrata tem
culpa na timidez da alta.
"McCain foi inconstante, mas
não está claro se Obama se
mostrou mais preparado. Ele
não tem um plano pronto e
adequado para responder aos
problemas financeiros", diz.
Anteontem, Obama declarou
que iria esperar o detalhamento da proposta da Casa Branca
para resgatar Wall Street antes
de divulgar seu plano.
Mas, para Michael Cohen,
analista político da New American Foundation, é preciso considerar a divisão acirrada do
eleitorado americano entre republicanos e democratas na
análise das pesquisas. Assim, a
atual vantagem de Obama é boa
notícia para sua campanha.
"Quem achou que Obama
venceria por dez pontos estava
se enganando. Nas duas últimas eleições, não houve diferença de mais de dois pontos
percentuais entre o ganhador e
o perdedor. O país está profundamente dividido, e, se um candidato tiver vantagem de quatro ou cinco pontos, já será uma
vitória arrasadora", disse.
Cohen acredita que a alta de
Obama se deva mais ao desgaste de McCain após a Convenção
Republicana do que à crise.
"O maior problema de Obama é a idéia de que ele não é experiente o suficiente para ser
presidente", diz Cohen. "Mas,
se ele for bem nos debates que
começam nesta semana, poderá superar isso." O primeiro debate entre os candidatos está
marcado para esta sexta-feira.
Decisão tomada
Na última quarta-feira, um
levantamento "USA Today"/
Gallup perguntou aos americanos como a crise estava afetando sua escolha de candidato.
Para 43% dos entrevistados,
o colapso do mercado não teria
efeito em sua decisão. Outros
29% disseram que a crise os
deixou mais propensos a votar
em Obama, e 23%, em McCain.
Para os analistas, o resultado
mostra que Obama terá mais
dificuldades em lucrar com a
crise do que outros candidatos
de oposição em épocas de recessão. Um exemplo é o ex-presidente Bill Clinton, em 1992.
"Naquela época, o país vivia
uma recessão relativamente
comum", diz Shapiro. "A crise
agora é tão mais complicada
que é muito mais difícil oferecer um plano eficiente" -o sistema de crédito, que ruiu, é um
pilar da economia dos EUA.
Falha republicana
Enquanto isso, McCain enfrenta seus próprios problemas. Seus discursos foram incoerentes: na última semana,
depois de dizer que "os fundamentos da economia americana continuam fortes", ele contradisse todo um histórico de
desregulamentador, passando
a pregar maior supervisão dos
mercados, além de não se decidir quanto ao apoio ao plano de
resgate do governo para instituições financeiras.
Para Cohen, o republicano
"apostou sua campanha na
idéia de integridade pessoal.
Não se planejou para oferecer
respostas econômicas e agora
está pagando o preço".
Mas a dificuldade, para ele,
vai muito além do candidato:
"O Partido Republicano está
tão ligado a um tipo de ortodoxia econômica -que rejeita intervenções- que não têm uma
boa mensagem a oferecer
quando a economia desanda".
McCain, para o analista, evita
abordar as intervenções por
medo de iriam irritar a base do
partido, conservadora na área
fiscal. "Mas isso o deixa com
um repertório limitado."
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