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Falta de líderes complica planos de oposicionistas
DO ENVIADO ESPECIAL
"E se Chávez cair? Quem
assume meu lugar? Nem eles
sabem." Essa provocação é
feita frequentemente pelo
próprio presidente Hugo
Chávez para explorar um aspecto contraditório do movimento que tenta derrubá-lo do poder: além de heterogêneas, as forças contrárias
ao presidente não têm um líder minimamente popular
para substituí-lo depois do
golpe ou vencê-lo nas urnas.
Essa fragilidade foi revelada em abril passado, quando
um setor da oposição "sequestrou" o golpe contra
Chávez e escolheu Pedro
Carmona, um empresário
com pouco apelo popular,
para ocupar a Presidência. A
escolha de Carmona, hoje
exilado, é tida como um erro
pelas próprias oposições.
Analistas acreditam que
não há opções viáveis dentro
da social-democrata AD e do
democrata-cristão Copei, os
dois partidos que controlaram a política venezuelana
desde 1958 até a eleição de
Chávez, em 1998.
Também não teriam chances Carlos Ortega, o presidente da confederação de
trabalhadores, odiado pela
parte da população (35%)
que ainda aprova o governo
Chávez, e Carlos Férnandez
Pérez, o empresário que
substituiu Carmona na presidência da Fedecámaras.
A principal alternativa hoje é Enrique Mendoza, popular governador do Estado
de Miranda que, embora seja do Copei, fez alianças com
todos os partidos - inclusive com o de Chávez.
"Líderes não se fabricam
por decreto. A Venezuela está vivendo uma comoção
histórica, os líderes vão se
formando aos poucos", disse Manuel Felipe Sierra, analista político. "Não podemos
cair no simplismo de comparar Chávez a outro líder.
Chávez é o único caudilho
popular atualmente."
Mas nem todos concordam. "As oposições precisam de um líder porque talvez tenham de derrotar Chávez nas urnas. Não podemos
negar que o presidente seja
popular, um líder indiscutível e forte", disse Nicolás Picado, outro analista político.
Ontem, Chávez disse que a
Fedecámaras e a Confederação dos Trabalhadores da
Venezuela representam hoje
os mesmos setores da elite
que fabricaram a AD e o Copei no passado. "São as mesmas elites."
(MA)
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