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IRAQUE SOB TUTELA
"O povo precisa delas desesperadamente", diz conselheiro de segurança; não há notícias sobre refém iraquiana
Iraque pede que ONGs permaneçam no país
DA REDAÇÃO
Um dia após o seqüestro da diretora da organização humanitária Care International, uma autoridade do governo interino pediu
que as agências de ajuda não deixem o Iraque.
"Se elas saírem, será exatamente
o que os terroristas e esses criminosos querem. O povo iraquiano
precisa delas desesperadamente",
disse Muffawaq al Rubaiye, conselheiro de segurança nacional do
Iraque, à rádio BBC 5.
Margaret Hassan, diretora das
operações da Care International
no Iraque, foi seqüestrada anteontem em Bagdá. A agência,
uma das maiores do mundo, com
projetos humanitários em 72 países, já anunciou que está paralisando temporariamente suas atividades no Iraque.
Muitas organizações não-governamentais já se retiraram do
país desde o início da onda de seqüestros de estrangeiros, em
abril. Após a captura das italianas
Simona Torretta e Simona Pari
em setembro, as ONGs chegaram
a cogitar uma saída total.
Em comunicado, o governo iraquiano condenou a ação dos terroristas: "Margaret Hassan é uma
cidadã iraquiana e passou os últimos 30 anos trabalhando sem
descanso para melhorar os serviços básicos dos iraquianos. Seu
seqüestro é uma prova clara das
más intenções dos terroristas que
se chamam "mujahidin" [guerreiros santos] e um insulto ao islã e
ao Iraque, especialmente durante
o mês sagrado do Ramadã."
No início de 2003, dois meses
antes da invasão americana no
Iraque, Hassan esteve na ONU e
alertou o Conselho de Segurança
sobre a "catástrofe humanitária"
que se abateria sobre o país caso
houvesse a guerra.
Até o momento, o grupo de seqüestradores não se identificou
nem apresentou exigências para
libertá-la. Margaret Fitzsimons
nasceu na Irlanda e também tem
as nacionalidades britânica e iraquiana -ela adotou o nome Hassan após se casar com um economista iraquiano que conheceu em
um campo de refugiados palestinos no Líbano. Ela mora no Iraque há mais de 30 anos.
Em entrevista à rede de TV Al
Arabiya, Tahseen Ali Hassan disse que sua mulher não havia recebido ameaças. "Em nome da humanidade, do islã e da fraternidade, apelo aos seqüestradores para
libertá-la, porque ela nada tem a
ver com política", afirmou.
O premiê irlandês, Bertie
Ahern, prometeu "remover montanhas", e seu par britânico, Tony
Blair, disse estar fazendo "todo o
possível" para conseguir a libertação da refém, uma das mais proeminentes agentes humanitárias
que trabalham no Oriente Médio.
O irlandês Niall Andrews, membro do Parlamento Europeu, disse que trabalhou com Hassan em
várias viagens ao Iraque nos anos
90 e que a considera "a coisa mais
próxima de Madre Teresa".
Em um hospital de Bagdá, pacientes fizeram um protesto contra o seqüestro de Hassan. "Ela reconstruiu este hospital em cooperação com a equipe médica. Sem a
sua ajuda, não podemos fazer nada", afirmou Mehdi Jaffa, um dos
pacientes.
Dois engenheiros egípcios de
uma companhia de telefonia celular foram soltos ontem após passarem quase um mês em cativeiro. Segundo um funcionário da
empresa, os dois foram libertados
graças à intervenção do grupo extremista Tawhid e Jihad, liderado
pelo terrorista jordaniano Abu
Musab al Zarqawi. O funcionário
não disse se houve o pagamento
de resgate. Neste ano, mais de 150
estrangeiros já foram seqüestrados no Iraque.
Com agências internacionais
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