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Militar se diz culpado por Abu Ghraib
DA REDAÇÃO
O sargento americano Ivan Frederick, militar de mais alto grau
envolvido no escândalo da prisão
iraquiana de Abu Ghraib, declarou-se ontem, perante a corte
marcial, culpado de oito acusações de maus-tratos de prisioneiros, em depoimento.
As acusações incluem conspiração, abandono de dever, maus-tratos e cometimento de ato indecente em três incidentes em outubro e novembro do ano passado.
Em acordo com os advogados, o
sargento de Buckingham (Virgínia) negou outras acusações. Frederick pode pegar até 11 anos de
prisão em sentença que sai hoje.
Num dos incidentes, Frederick,
38, disse ter observado um grupo
de presos com sacos na cabeça ser
forçado a se masturbar, enquanto
outros soldados tiravam fotos.
O sargento também admitiu ter
pulado sobre uma pilha de detentos nus, pisado sobre pés e mãos
dos presos e socado um detento
no peito tão fortemente que este
precisou de atendimento médico.
Um dos detentos, forçado a simular posições sexuais humilhantes e a se masturbar, depôs
contra o sargento. "Estava chorando, queria me matar. Senti-me
humilhado, mas não tinha nada
com que tirar a vida", disse.
"Estava errado no que fiz e não
deveria ter feito", disse Frederick
em seu depoimento, segundo a
agência Associated Press. "Sabia
que era uma forma de abuso."
O sargento também culpou seu
comando. Afirmou não ter recebido treinamento nem apoio na
supervisão dos detentos e só ter tido instruções sobre maus-tratos
após os abusos terem ocorrido,
entre outubro de dezembro do
ano passado. "Não tive apoio
quando levei o assunto a meu comando. Disseram para eu fazer o
que a MI [inteligência militar] havia dito para fazer", afirmou. Segundo o sargento, as instruções
incluíam despir os detentos e privá-los de sono ou de cigarros.
"A nudez era para humilhá-los e
degradá-los para fins de inteligência militar. Era muito embaraçoso
para um árabe ser visto nu por
um outro", disse Frederick.
"Acho que ninguém se importava com o que acontecia aos detentos contanto que eles não morressem", afirmou.
Dentre os sete militares americanos acusados de envolvimento
no caso, Frederick é o terceiro a
ser levado a corte marcial pelo escândalo de Abu Ghraib, que veio à
tona em abril. Os dois primeiros,
Jeremy Sivits e Armin Cruz, também se declararam culpados e receberam sentenças de oito meses
a um ano de prisão.
Em agosto, relatório independente responsabilizou toda a cadeia de comando militar dos
EUA, até o Pentágono, pelos abusos na prisão iraquiana.
Com agências internacionais
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