São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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análise

Republicanos buscam culpados

DAVID KIRKPATRICK
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

Os defensores dos cortes de impostos criticam as táticas de pressão dos evangélicos. Os conservadores cristãos dizem que a bancada republicana no Congresso os deixou na mão. A linha dura da política externa diz que o presidente Bush está errado na condução da guerra no Iraque. E muitos republicanos culpam o deputado Mark Foley por suas mensagens sexuais aos ajudantes do Congresso.
Com as pesquisas demonstrando que o controle do Legislativo pelos republicanos está sob ameaça, os líderes conservadores acusam uns aos outros, em um círculo de alegações de culpa pelas potenciais perdas republicanas no pleito de 7 de novembro, quando serão renovados um terço do Senado e a Câmara. "Trata-se de uma daquelas raras derrotas que têm muitos pais", diz David Keene, presidente da União Conservadora Norte-Americana. Determinar se o pleito confirmará ou não este pessimismo demorará ainda algumas semanas. Mas as recriminações que se seguem a um fracasso podem influenciar a política e a orientação estratégica de um partido por muitos anos. Depois de 1992, os legisladores deixaram de lado qualquer idéia de um aumento de impostos.
Depois de 1994, as medidas de controle da posse de armas e de reforma nos serviços de saúde foram excluídas da agenda. E 2004 levou alguns democratas a citar a Bíblia e a repensar sua posição quanto ao aborto. No caso dos republicanos, as escaramuças entre os conservadores quanto ao que pode ter acontecido de errado começaram antes que a eleição seja decidida. E, depois de seis anos de controle contínuo sobre a Casa Branca e as duas Casas do Legislativo, eles estão encontrando dificuldade para encontrar outros culpados que não eles mesmos.

Base insatisfeita
As pesquisas deste ano mostram ampla insatisfação nas bases republicanas, o que levou alguns dirigentes do partido, entre os quais Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara, a expressar preocupação quanto à possibilidade de que as desavenças convençam muitos republicanos a não ir às urnas.
Os antagonistas deste ano incluem, além disso, críticos novos, entre os quais Dick Armey, antigo braço direito de Gingrich. Nas últimas semanas, Armey reforçou uma campanha contra a influência de James C. Dobson, fundador da organização Foco na Família e voz influente entre os evangélicos. Armey acusou a bancada republicana no Congresso de "gritante submissão a James Dobson" e sua "gangue de brutamontes". "Os republicanos falam sobre coisas como casamento gay, e os democratas sobre as coisas que importam às pessoas, por exemplo, como o cidadão pode manter as contas em dia." Os conservadores fiscais, argumentou ele, estavam surgindo como eleitores indecisos. "Muita gente acredita que [o democrata] Bill Clinton nos tirou do déficit e nos conduziu ao superávit, e existe certa dose de prova empírica quanto a isso."


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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