São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Al Qaeda reage negativamente e diz que "espada e sangue" são as únicas formas de diálogo possíveis

Presidente convida insurgentes a negociar

DA REDAÇÃO

O presidente iraquiano, Jalal Talabani, declarou que deseja travar diálogo com os insurgentes caso queiram falar com ele. O pronunciamento ocorreu ontem durante a conferência nacional pela reconciliação, no Cairo, quando Talabani afirmou ser "responsável por todos os iraquianos" e disse querer "ouvir todos, inclusive os criminosos". "Se os que se definem como a resistência iraquiana quiserem contatar-me, são todos bem-vindos", completou.
O presidente afirmou ainda que os aliados de Saddam Hussein e os extremistas religiosos não têm nenhum papel a ser desempenhado no processo político do país.
Recentemente, foram divulgados boatos sobre a ocorrência de contatos entre os insurgentes e o governo iraquiano. Todos foram negados. Contudo, Donald Rumsfeld, secretário americano da Defesa, declarou em junho que o governo americano regularmente facilita os contatos entre o governo iraquiano e os insurgentes. Na ocasião, Talabani negou a informação. "O governo iraquiano não tem nada a ver com negociações com a insurgência."

Bem-vindos
Não ficou exatamente claro para quem o presidente iraquiano se dirigia em sua fala de ontem na conferência promovida pela Liga Árabe. "Estou me comprometendo a escutá-los, mesmo aqueles que são criminosos e estão sob julgamento. Mas, obviamente, isso não significa que vou aceitar o que dizem", afirmou o presidente durante uma coletiva de imprensa. Líderes governamentais haviam declarado anteriormente a intenção de conversas com as forças de oposição, principalmente com aquelas que já manifestaram a intenção de se desarmar -mas não com as responsáveis pela morte de iraquianos.
Circularam no país informações não confirmadas de que Talabani chegou a se reunir com representantes da oposição durante a conferência do Cairo.
Oficialmente, nenhum representante da insurgência que luta pela expulsão das tropas americanas do território iraquiano e pela queda do atual governo estavam presentes. A Al Qaeda manifestou rejeição à conferência e aos seus participantes e, em um comunicado divulgado na internet ontem, disse que "a espada e o sangue são as únicas vias de diálogo."
Ataques insurgentes mataram, ontem, um soldado americano nas proximidades de Bagdá. Um soldado britânico foi morto no sul da cidade, em uma operação na qual as forças norte-americanas cercaram uma casa na cidade de Mossul. Oito supostos membros da Al Qaeda morreram numa troca de tiros ocorrida durante a operação.
De acordo com informações do governo americano, 24 pessoas morreram numa emboscada a uma patrulha iraquiana e americana em Haditha, a 220 km de Bagdá, também ontem. O número inclui 15 civis mortos e mais um soldado americano.
O clã do líder da Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi, cortou os vínculos com o terrorista jordaniano por causa dos ataques organizados por ele em três hotéis de Amã. Zarqawi reivindicou a autoria dos atentados, que mataram 60 pessoas -o número subiu neste domingo com a morte de uma garçonete de 19 anos que havia ficado gravemente ferida nas explosões.
A rejeição foi anunciada em um comunicado assinado por 57 membros do clã Al-Khalayleh.


Com agências internacionais


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