São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente do Irã propõe cúpula com Bagdá e Damasco para discutir violência

DA REDAÇÃO

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, convidou os líderes do Iraque e da Síria para um encontro em que debaterão formas de conter a escalada de violência no Iraque. O governo do americano George W. Bush tem sido pressionado a incorporar Teerã e Damasco às conversas sobre uma saída para o conflito -anteontem, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, que tem assessorado Bush na questão, propôs que uma conferência regional incluísse os dois países.
Do lado iraquiano, o presidente Jalal Talabani e o premiê Nuri al Maliki aceitaram o convite. Mas ainda não há uma resposta oficial do ditador sírio, Bashar al Assad. A idéia inicial é que a cúpula ocorra no sábado.
Os EUA, que não mantêm relações com Teerã, reagiram com cautela, considerando a iniciativa bem-vinda -mas lembrando que o Irã não havia cumprido acordos no passado.
O convite foi divulgado durante a visita do chanceler sírio, Walid Muallim, a Maliki -a principal de uma autoridade de Damasco desde a invasão americana, em março de 2003. No encontro, foi anunciado o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, cortada no início dos anos 80.
Tanto Bagdá quanto Washington já acusaram Damasco de não fazer nada para deter a passagem de terroristas para o lado iraquiano. O porta-voz militar americano no Iraque, general William Caldwell, afirmou que entre 50 e 70 entram pela fronteira por mês.
A violência segue descontrolada no país. Ontem, foi morto um dos mais populares comediantes do Iraque, famoso por imitar na TV autoridades e insurgentes. Em episódios diversos, outras 46 pessoas que foram assassinadas ou tiveram seu corpo encontrado.
"Estamos num estado de guerra, e na guerra todas as medidas são permitidas", declarou o ministro da Defesa, Abdel Qader Jassim, ante o quadro. Só nos 20 primeiros dias do mês 1.370 pessoas morreram. Em todo o mês de outubro, foram 1.216, número que já era o maior desde abril de 2005.

Saddam
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch divulgou relatório ontem em que afirma que o julgamento do ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003) teve "sérias falhas de procedimento" e, portanto, deveria ser anulado. Saddam foi condenado à forca no último dia 5, pelo massacre de 148 xiitas nos anos 80.
O informe se baseia em dez meses de observações e entrevistas com juízes, promotores e advogados. Segundo ele, os juízes não agiram de forma imparcial. "A conduta da Corte reflete uma falta de entendimento dos princípios fundamentais de um julgamento justo. (...) Sob tais circunstâncias, a validade do veredicto é questionável."
O promotor chefe, Jaafar al Mousawi, disse que o julgamento foi "justo e transparente". A defesa disse que o relatório "abre caminho para uma ação internacional para pôr fim a essa farsa".


Com agências internacionais


Texto Anterior: Fracasso leva Pentágono a refazer manual
Próximo Texto: Envenenamento no Reino Unido: Londres põe grupo antiterror no caso do ex-espião russo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.