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Paralisação já cansa moradores de Paris
Locomoção pela cidade vira maratona; chuva prejudica opção pela bicicleta
Só 20% dos trens funcionam e muitos têm que ir a pé para o trabalho; engarrafamento na periferia atingiu 400 quilômetros ontem cedo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Um dia chuvoso marcou a paralisação geral na França e prejudicou ainda mais o já conturbado cotidiano dos franceses. A
chuva fina e o vento desanimaram os parisienses que têm utilizado o sistema de bicicletas da
prefeitura para se locomover.
Em Paris e arredores, metade
dos trens e apenas 20% do metrô funcionaram. Os grandes
intervalos entre a chegada das
composições de metrô na
maior parte das linhas lotou as
plataformas das estações mais
movimentadas, como République, Gare Saint-Lazare e Gare
du Nord, que concentram boa
parte dos trens que vão para as
periferias e chegadas de trens
internacionais.
Quem optou pelos carros
também não teve mais sorte.
Na manhã de ontem foram
constatados quase 400 quilômetros de engarrafamentos em
torno de Paris.
Salto agulha
"Estou cansado dessa greve.
Há dez dias não consigo ver
meu namorado, que mora em
Grenoble [sudeste da França].
Para sair à noite também é uma
tragédia. Tive de andar de Châtelet [centro de Paris] até Georges V [perto do Arco do Triunfo] com salto agulha. Eu odeio
esses grevistas da RATP", disse
a consultora Tatiana Kouchonova. O trajeto é estimado em
3,87 km e 58 minutos de caminhada. "Agora, enquanto durar
a greve, só vou sair de sapatilha", completou.
Na rede de relacionamentos
Facebook, uma comunidade
intitulada "Os franceses pedem
que o governo resista aos grevistas" conta com 6.000 inscritos. "Estou tão cansada dessa
greve. Na minha linha de metrô
hoje [ontem] só tinha um trem
a cada 30 minutos. Quando
cheguei na plataforma tinha
tanta gente que não consegui
entrar. Desisti e fui a pé, uma
caminhada de 45 minutos. E
assim tem sido quase todos os
dias de greve. Não dá para confiar nas informações do site da
RATP", diz Fabiana Cerasa, assistente administrativa.
Durante o período de greve, a
RATP atualiza um boletim eletrônico a cada meia hora com o
estado do funcionamento das
linhas. Ao longo desta semana
de paralisação, a única linha
que tem funcionado normalmente é a 14, que é automática.
Alguma graça
O engenheiro Mattiheu
Kipp, que sempre vai a pé para
o trabalho, consegue achar uma
certa graça na greve. "A gente
acaba vendo umas cenas insólitas. Hoje [ontem] vi uma senhora que deveria ter uns 65
anos num patinete ultrapassando todos os jovens na calçada. Também vi engravatados
andando em bicicletas que devem ser dos filhos."
(CÍNTIA CARDOSO)
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