São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paralisação já cansa moradores de Paris

Locomoção pela cidade vira maratona; chuva prejudica opção pela bicicleta

Só 20% dos trens funcionam e muitos têm que ir a pé para o trabalho; engarrafamento na periferia atingiu 400 quilômetros ontem cedo

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Um dia chuvoso marcou a paralisação geral na França e prejudicou ainda mais o já conturbado cotidiano dos franceses. A chuva fina e o vento desanimaram os parisienses que têm utilizado o sistema de bicicletas da prefeitura para se locomover.
Em Paris e arredores, metade dos trens e apenas 20% do metrô funcionaram. Os grandes intervalos entre a chegada das composições de metrô na maior parte das linhas lotou as plataformas das estações mais movimentadas, como République, Gare Saint-Lazare e Gare du Nord, que concentram boa parte dos trens que vão para as periferias e chegadas de trens internacionais.
Quem optou pelos carros também não teve mais sorte. Na manhã de ontem foram constatados quase 400 quilômetros de engarrafamentos em torno de Paris.

Salto agulha
"Estou cansado dessa greve. Há dez dias não consigo ver meu namorado, que mora em Grenoble [sudeste da França]. Para sair à noite também é uma tragédia. Tive de andar de Châtelet [centro de Paris] até Georges V [perto do Arco do Triunfo] com salto agulha. Eu odeio esses grevistas da RATP", disse a consultora Tatiana Kouchonova. O trajeto é estimado em 3,87 km e 58 minutos de caminhada. "Agora, enquanto durar a greve, só vou sair de sapatilha", completou.
Na rede de relacionamentos Facebook, uma comunidade intitulada "Os franceses pedem que o governo resista aos grevistas" conta com 6.000 inscritos. "Estou tão cansada dessa greve. Na minha linha de metrô hoje [ontem] só tinha um trem a cada 30 minutos. Quando cheguei na plataforma tinha tanta gente que não consegui entrar. Desisti e fui a pé, uma caminhada de 45 minutos. E assim tem sido quase todos os dias de greve. Não dá para confiar nas informações do site da RATP", diz Fabiana Cerasa, assistente administrativa.
Durante o período de greve, a RATP atualiza um boletim eletrônico a cada meia hora com o estado do funcionamento das linhas. Ao longo desta semana de paralisação, a única linha que tem funcionado normalmente é a 14, que é automática.

Alguma graça
O engenheiro Mattiheu Kipp, que sempre vai a pé para o trabalho, consegue achar uma certa graça na greve. "A gente acaba vendo umas cenas insólitas. Hoje [ontem] vi uma senhora que deveria ter uns 65 anos num patinete ultrapassando todos os jovens na calçada. Também vi engravatados andando em bicicletas que devem ser dos filhos." (CÍNTIA CARDOSO)


Texto Anterior: Artigo: Serviço público é marca cultural francesa
Próximo Texto: Tráfego segue tumultuado nesta quarta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.