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Oposição nos EUA apóia Forças Armadas maiores
Na última entrevista do ano, Bush reconhece o "sucesso da insurgência" no Iraque
Líderes democratas dizem que presidente se rendeu a seus argumentos sobre necessidade de aumentar
os efetivos militares
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Mesmo em recesso parlamentar, a maioria democrata
do Congresso apoiou ontem a
proposta de George W. Bush de
aumentar permanentemente
os efetivos das Forças Armadas
dos EUA. Na última entrevista
coletiva de 2006, o presidente
confirmou a intenção de promover o aumento, revelada ao
jornal "The Washington Post"
no dia anterior, e mudou a retórica sobre a situação no Iraque.
Bush reconheceu o "sucesso
da insurgência islâmica" no
país árabe neste ano. Antes, ele
afirmava que os EUA estavam
vencendo a guerra contra os
opositores da ocupação americana do Iraque.
"Eles [os insurgentes] consideram ser uma questão de tempo até que ganhem [a guerra].
Os inimigos da liberdade levaram a cabo uma estratégia deliberada para fomentar a violência sectária entre sunitas e xiitas, e, no decorrer deste ano, tiveram êxito", avaliou.
A proposta de Bush de aumentar os efetivos das Forças
Armadas dos Estados Unidos,
que vêm sendo reduzidos nos
últimos 50 anos (veja quadro
abaixo), surgiu em conseqüência da discussão sobre o envio
de mais entre 15 mil e 30 mil
soldados para o Iraque, onde já
há cerca de 150 mil tropas americanas. Especialistas acreditam que não haveria tropas disponíveis para isso.
"Estou satisfeita que o presidente tenha mudado sua posição e finalmente atenda ao pedido do Partido Democrata de
aumentar o tamanho dos militares. Mas Bush não deu nenhuma indicação de que queira
fazer as mudanças necessárias
para reverter a situação desastrosa no Iraque", disse a líder
da bancada democrata na Câmara dos Deputados, Nancy
Pelosi, que presidirá o Congresso a partir de janeiro.
O senador democrata Jack
Reed disse "aplaudir" a iniciativa, que reivindicou para si.
"Finalmente Bush reconheceu a necessidade de aumentar
as Forças Armadas, pedido que
tenho feito há anos", afirmou.
"Agora, o presidente precisa levar o projeto adiante e colocar
dinheiro no Orçamento para
pagar esses soldados."
Nesta semana, Colin Powell,
ex-chefe do Estado Maior dos
EUA e secretário de Estado no
primeiro mandato de Bush,
disse que as Forças Armadas
estão "quebradas" pela sobrecarga dos conflitos no Afeganistão e Iraque. Hoje, só o Exército tem 500 mil soldados. O
custo para cada 10 mil a mais é
calculado em US$ 1,2 bilhão.
Serviço militar
Especialistas ouvidos pela
Folha avaliam que um possível
aumento das tropas não implicaria a volta do serviço militar
obrigatório, revogado depois da
derrota no Vietnã, no início dos
anos 1970, mas disseram que a
medida levaria anos e bilhões
de dólares para ser concluída.
Gordon Adams, que foi assessor de Orçamento para Segurança Nacional no governo Bill
Clinton [1993-2000], disse à
Folha que é contra o aumento
das Forças Armadas. "Mais tropas significam mais gastos com
equipamentos, treinamento e
soldos no longo prazo", avalia.
"Um aumento do número de
militares não é um paliativo para o Iraque. É a militarização
permanente da nossa política
de segurança nacional", completou Adams, hoje conselheiro
do Centro Internacional Woodrow Wilson.
Na entrevista de ontem, apesar de ter reconhecido o avanço
da insurgência iraquiana, Bush
disse que os EUA não sairão da
região. "Eles não podem nos
expulsar do Oriente Médio.
Não podem intimidar a América." Ele disse que, apesar de
perturbados com a violência no
Iraque, os americanos apóiam
sua visão de que uma retirada
imediata não é a saída.
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