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À espera de investimento, gás é foco de laço com Brasil
DA ENVIADA A LA PAZ
À diferença das duras declarações da época da nacionalização dos hidrocarbonetos, em
2006, as "pazes" da Bolívia com
o Brasil e a Petrobras -e a promessa de investimento de até
US$ 1 bilhão da estatal brasileira- devem ser um destaque do
discurso de dois anos de governo de Evo Morales, hoje.
O anúncio do investimento,
feito em dezembro último, durante visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
Bolívia, é essencial para que o
país aumente a produção de
gás, hoje estagnada, a fim de
continuar cumprindo o principal contrato com o Brasil e
também aumentar as quantidades enviadas à Argentina.
A viagem de Lula, para ambos os governos, marcou a "nova fase" da relação, após meses
de rusgas e ataques que se seguiram à declaração da nacionalização dos hidrocarbonetos
em maio de 2006, quando as refinarias da Petrobras no país foram ocupadas pelo Exército.
Mais de um ano e meio depois, a Petrobras acertou a venda de suas duas refinarias à Bolívia (por US$ 112 milhões ) e
renegociou o contrato com o
governo -também o fizeram
outras petroleiras estrangeiras.
De maio de 2006 à renegociação dos contratos, o governo
festejou o aumento da arrecadação do setor. Com a vigência
dos novos contratos, porém, a
arrecadação voltou a cair.
O que não mudou no período
foi o baixo investimento no setor -apesar da promessa da estatal venezuelana PDVSA-, daí
o peso do anúncio da brasileira,
ainda que só US$ 300 milhões
estejam garantidos.
A Bolívia produz cerca de 40
milhões de m3 de gás por dia,
dos quais 30 milhões seguem
para o Brasil, 6 milhões ficam
no mercado interno e cerca de
3 milhões vão hoje à Argentina,
que quer um volume maior.
"É nosso interesse investir
para produzir gás para seguir
cumprindo o principal contrato da Petrobras e, nos próximos
anos, poder enviar ainda mais
gás ao Brasil; e depois mais gás
à Argentina", diz José Marcos
Viana, ministro conselheiro da
área de energia da Embaixada
do Brasil em La Paz. A Petrobras estima que seus investimentos permitirão aumentar
em 1 milhão de m3 o gás extraído em 2009 e em até mais 12
milhões de m3 até 2012.
Gargalo
Sob críticas por conta da baixa taxa de investimento produtivo, o governo vai anunciar aumento do investimento público
e celebrar outro aporte privado, da indiana Jindall, para começar a exploração da mina de
ferro Mutum, uma das maiores
do mundo, que fica no leste boliviano. São US$ 300 milhões já
garantidos, diz o governo.
No caso dos hidrocarbonetos, Morales tenta reverter
uma ausência de investimento
que o precede, diz José Magela
Bernardes, presidente da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, que trabalha para British
Gas. A mudança começou em
2005, sob Carlos Mesa (2003-05), quando foi criada a Lei de
Hidrocarbonetos, elevando a
tributação de estrangeiras.
"Desde a grande crise e conflito social do começo dos anos
2000, os investidores estão
cautelosos. Mas, apesar de todas as dificuldades, da incerteza jurídica e política por conta
da nova Constituição [que precisa ir a referendo], há reservas
e há mercado. As condições técnicas para o crescimento do setor estão dadas", diz Magela.
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