São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

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Acusação de estupro por policiais acirra tensão entre xiitas e sunitas iraquianos

DA REDAÇÃO

Um caso de estupro no Iraque está alimentando o ódio sectário no país e causando dano ao governo do premiê Nuri al Maliki.
Na última segunda-feira, uma mulher chamada Sabreen al Janabi, sunita, declarou à imprensa que havia sido estuprada por policiais iraquianos. Segundo Janabi, que não esclareceu exatamente quando teria ocorrido o estupro, agentes da polícia entraram na sua casa à procura de armas, levaram-na embora e a violentaram.
Quando a história chegou aos jornais iraquianos, o governo de Maliki logo divulgou um comunicado declarando que não houve nenhum estupro e que Sabreen al Janabi já era procurada pela polícia, sendo que três mandados de prisão haviam sido emitidos contra ela.
Vale lembrar que a maioria da população iraquiana é composta por xiitas, sendo o premiê um deles.
A imprensa iraquiana repercutiu, revelando a dimensão da tensão entre muçulmanos xiitas e sunitas no país: "Maliki nega o estupro de Sabreen e decide recompensar os policiais acusados", era a versão do "Al Mashriq", um jornal sunita, para o caso. Já o xiita "Al Bayaan", ligado ao partido de Maliki, circulou afirmando que "Sabreen al Janabi é uma mentirosa procurada pelas autoridades".
Por ora, os EUA mantiveram-se afastados do caso, apesar de o suposto boletim médico ter partido do Ibn Sina, o principal hospital militar americano em Bagdá, localizado na Zona Verde, área de segurança máxima controlada pelos EUA.
"O boletim médico não foi emitido por forças americanas. Nossa política é clara: nós nunca divulgamos nenhuma informação médica sobre nossos pacientes", afirmou o general William Caldwell. O general disse ainda que os militares americanos investigarão a denúncia de estupro.

Demissão
Ontem o caso fez uma baixa entre os membros do governo de Nuri al Maliki. Sem nenhuma justificativa oficial, o premiê demitiu o chefe do departamento governamental encarregado da administração dos locais sagrados sunitas.
Ahmed Abdul al Samarrai afirmou ter sido demitido por criticar o governo; entre as críticas estão o modo como Maliki lidou com a acusação de estupro de Sabreen al Janabi. "Eu acho que [fui demitido] porque estou sempre contra a maioria das decisões tomadas por esse governo", disse Samarrai.

Helicóptero
Ontem mais um helicóptero militar americano foi alvejado, no céu de Bagdá. Foi a oitava aeronave desse tipo que a insurgência iraquiana abateu neste mês.
De acordo com o comando militar dos EUA no Iraque, o aparelho fez um pouso forçado após ser atingido, mas nenhuma das nove pessoas ficou gravemente ferida.


Com agências internacionais


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