São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
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OFENSIVA ANTIÁLCOOL
Pesquisa mostra resultados positivos em programa contra consumo de bebidas entre menores de 21 anos
Universidades dos EUA têm mais abstêmios

MARCELO DIEGO
de Nova York

O plano de "tolerância zero" implantado pelo governo dos EUA em 1995, com o objetivo de diminuir o consumo de álcool entre os menores de 21 anos, está dando certo, pelo menos nas universidades do país. Pesquisa divulgada pela Universidade de Harvard indica que caiu o número de estudantes que consomem bebida.
A última pesquisa do gênero conduzida pela universidade, uma das mais respeitadas dos EUA, havia sido realizada em 1993. O levantamento do ano passado indica que aumentou o número de abstêmios, diminuiu o de consumidores ocasionais e moderados.
Em contrapartida, cresceu o número de consumidores frequentes (pessoas que tomam mais de três doses por semana). Segundo a pesquisa, o crescimento tem uma margem pequena, o que permitiria considerar como praticamente estagnado o número de consumidores frequentes (veja quadro nesta página).
A pesquisa foi conduzida em 116 universidades, públicas e privadas, espalhadas por 39 Estados do país (que tem um total de 50).
A redução no número geral de consumidores de álcool indica que os esforços do governo têm tido resultados. As faculdades públicas receberam US$ 14,4 milhões para a manutenção de seus programas de aconselhamento contra a bebida em 1998. Há seis anos, a verba era de US$ 7,8 milhões.
Uma lei assinada em 1995 passou a permitir que as faculdades avisem aos pais de alunos menores de 21 anos, se eles forem surpreendidos bebendo.
A lei anterior proibia a divulgação de ""informação confidencial" sobre cidadãos acima de 18 anos.

Policiamento
Várias faculdades criaram programas de policiamento e esclarecimento para seus estudantes. E a legislação ficou mais severa: dentro dos campi, a venda de álcool é proibida. Ao redor deles, o comércio é fechado às 23h.
O aumento do número de estudantes (uma média de 2,7% no intervalo de cinco anos entre uma pesquisa e outra) ajudou a diluir algumas estatísticas.
A média etária de um estudante no primeiro ano de faculdade é de 18 anos, três abaixo do permitido por lei para o consumo de álcool.
Entre os que bebem, 80% fazem parte de "fraternidades" (casas de estudantes que congregam alunos das faculdades).
Esse é o principal ponto a ser atacado, segundo a Associação de Combate ao Álcool nas Universidades, uma coalizão de organizações não-governamentais com sede em Washington. Eles pretendem pedir ao Congresso leis severas e até o fechamento de "fraternidades", caso os números não baixem. Mas as casas de estudantes são instituições históricas e folclóricas no país.
A preocupação com o consumo de álcool tem bases concretas. Segundo alguns pesquisadores, cerca de 25% dos consumidores frequentes vão se tornar alcoólatras. Outros 25%, mesmo que parem de beber, terão problemas de saúde decorrentes do hábito.
Segundo dados da Associação de Combate ao Álcool, 1 em cada 3 casos de estupro em universidades do Estados Unidos é motivado pela bebida.
Nenhuma estatística, no entanto, conta melhor o problema do que esta: somente no Estado da Virgínia, no ano passado, cinco jovens perderam a vida em acidentes causados após bebedeiras.


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