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SUCESSÃO NOS EUA / ESPIONAGEM
Passaporte de candidatos é invadido
Funcionários do Departamento de Estado pesquisaram informações sobre documento sem necessidade
Chancelaria anuncia duas demissões; secretária se desculpa com Obama, que pede que o Congresso e o governo investiguem o caso
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Sob o campo de alta tensão
em torno de tudo o que se relaciona aos atuais presidenciáveis dos EUA -no qual poucas
palavras já derrubaram altos
assessores de campanha-, caíram desta vez dois funcionários
do Departamento de Estado
americano.
A dupla foi demitida na quinta-feira por ter pesquisado, sem
necessidade, o histórico de documentos relacionados ao passaporte do candidato democrata Barack Obama. Um terceiro
funcionário foi advertido por
participar do vasculhamento.
Ontem, o departamento divulgou que a democrata Hillary
Clinton e o republicano John
McCain também já tiveram
seus documentos pesquisados
irregularmente.
Espionar esse dados da privacidade dos cidadãos sem finalidade objetiva é proibido pelo departamento. Os arquivos
contêm dados como telefone
residencial, fotos, certidões de
nascimento e de casamento, seguridade social (CPF).
Vez ou outra, há alguma informação mais picante. Em
1992, uma peneira irregular no
histórico do então candidato
Bill Clinton revelou que ele
quis trocar sua cidadania para
não ser convocado para a Guerra do Vietnã, o que lhe rendeu
fama de antipatriótico.
No caso de Obama, o Departamento de Estado diz que tudo
indica que se trata apenas de
curiosidade dos funcionários,
sem indícios de envolvimento
de rivais políticos ou de jornalistas em busca de "cadávares
no armário". Pesa contra essa
versão o fato de que a ficha de
Obama foi vasculhada três vezes: 9 de janeiro, 21 de fevereiro
e 14 de março.
A secretária de Estado, Condoleezza Rice, telefonou para
Obama para comentar o ocorrido em seu departamento. "Eu
pedi desculpas e contei que eu
mesma ficaria muito brava se
soubesse que alguém olhou os
meus arquivos de passaporte."
O caso de Hillary Clinton relatado pelas fontes do governo
é mais curioso. No ano passado,
foi sugerido a uma funcionária
em treinamento que pesquisasse o nome de algum parente no
banco de dados do governo, para ver como funcionava o sistema de busca. Em vez disso, ela
pesquisou o nome de Hillary.
Recebeu uma advertência.
McCain disse que deveria haver uma investigação completa
-além de um pedido de desculpas. Obama sugeriu que membros do Congresso trabalhem
com os investigadores do governo. O secretário da Justiça,
Michael Mukasey, disse que
haverá uma investigação se forem encontrados motivos.
O caso levantou polêmica:
não é difícil levantar os documentos de qualquer cidadão
americano. Funcionários de
órgãos como o Departamento
de Justiça, a Interpol e mesmo
de governos estrangeiros têm
essa possibilidade de acesso.
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