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Obama pode subsidiar 'papéis tóxicos'
Plano do governo dos EUA pretende se livrar de ativos podres que contaminam balanço dos bancos e geram insegurança
Pacote em três frentes, que pode ser lançado amanhã, é recebido com ceticismo; na AIG, bônus a executivos pode ter sido ainda maior
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Detalhes do novo plano do
governo dos EUA para resgatar
o sistema bancário do país começaram
a emergir ontem,
permitindo vislumbrar como
será feita a compra de até US$ 1
trilhão em papéis "tóxicos"
(sem valor de mercado), a partir de subsídios
federais.
O plano poderá ser anunciado
Amanhã mesmo -o governo
tem pressa em amenizar a chuva
de críticas que vem sofrendo
pela demora em atacar o centro
nervoso da crise econômica.
A ideia é agir em três frentes
para convencer investidores
privados a participar da compra
dos ativos "podres". A primeira
é a criação de uma entidade bancada pelo FDIC( órgão
garantidor dos depósitos bancários
nos EUA) para comprar
e manter empréstimos. A partir
de parcerias de investimentos,
o órgão contribuiria com cerca
de 85% do dinheiro necessário
para adquirir ativos tóxicos.
A segunda é o estabelecimento
de parcerias com quatro ou
cinco firmas que gerenciam investimentos.
O Tesouro acompanharia
cada US$1privadoinvestido
na compra dos ativos
com US$ 1 de verba federal.
A terceira é a expansão de
empréstimos através de uma linha
de crédito batizada de Talf,
parceria entre o Tesouro e o
Fed (Banco Central americano),
que deve entrar em funcionamento na próxima quarta.
O novo plano é uma evolução
de um esboço divulgado pelo
secretário do Tesouro, Timothy
Geithner, há cerca de
um mês. Na ocasião, o programa foi
considerado superficial.
Mas, mesmo antes de oficializada,
a nova estratégia governamental
já sofre com certo ceticismo.
Há dificuldades em determinar
o preço dos ativos tóxicos,
que há muito deixaram
de ser comercializados.
A esperança do Tesouro é
que a entrada de investidores
privados na equação crie valor
de mercado para os papéis.
Mas, no clima de desconfiança
de Wall Street em relação ao
governo, acreditar em parcerias
com investidores privados
é arriscado. A atmosfera ficou
mais carregada coma tentativa
do Congresso de impor impostos
sobre o pagamento de bônus
de empresas que recebem
ajuda federal, na esteira do escândalo da seguradora AIG.
A AIG pagou US$ 165 milhões
em bônus depois de receber
US$ 170 bilhões em resgates.
Mas o valor pode chegar a
US$ 218 milhões, segundo novos dados em investigação.
Um dos mais afetados pelo
escândalo é o próprio Geithner,
que sofre pressão por não ter
impedido o pagamento dos bônus.
Mas o governo ainda banca
o secretário. Depois de manifestar
"confiança total" em
Geithner em diversas ocasiões,
o presidente Barack Obama
afirmou em trechos de entrevista
divulgados ontem que não
aceitaria um pedido de renúncia.
"Eu diria a ele: 'Sinto muito,
amigo, o emprego ainda é seu'",
afirmou Obama ao programa
"60 Minutes", da rede CBS.
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