São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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Aliados não se entendem sobre alcance de operação

Derrubar Gaddafi não é meta, dizem militares; para políticos, é necessário

EUA tentam manter o apoio dos seus aliados no mundo árabe; Líbia acusa coalizão de matar civis em ataque a Sirte

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O terceiro dia de ataques da coalizão liderada por EUA, França e Reino Unido às forças do ditador líbio Muammar Gaddafi foi marcado por desentendimentos sobre o alcance da operação dentro da própria aliança.
Chefes militares, como o americano Carter Ham e o britânico David Richards, afirmaram que a ação não tem Gaddafi como alvo -ambos ressaltaram que o objetivo fixado pela resolução da ONU é a proteção de civis.
No entanto, o ministro da Defesa do Reino Unido, Liam Fox, disse que a derrubada de Gaddafi -cujo paradeiro é desconhecido- está de acordo com a resolução se se constatar que o ditador está ameaçando a vida de civis.
Essa ideia foi reforçada pelo porta-voz do premiê David Cameron ao destacar o trecho que fala em tomar "todas as medidas necessárias". No Parlamento inglês, Cameron afirmou que os ataques evitaram um "massacre" em Benghazi, a capital dos rebeldes.
Em entrevista no Chile, o presidente dos EUA, Barack Obama, declarou que a ação deve ser mantida dentro dos limites determinados pelas Nações Unidas, mas voltou a dizer que Gaddafi deve sair.
A discussão tem implicações no mundo árabe, onde se teme que a missão vá além da zona de exclusão aérea e adote como objetivo principal a derrubada do regime.
Cientes disso, os EUA tentam manter o apoio dos aliados árabes. Obama telefonou para o rei Abdullah, da Jordânia; seu vice, Joe Biden, falou a líderes de Argélia e Kuait.
Também não há clareza sobre quem chefiará as operações. No Chile, Obama disse que os EUA pretendem transferir o comando a aliados "em questão de dias".
Reunião da Otan (aliança militar ocidental) ontem em Bruxelas, porém, terminou em impasse: a Turquia, que integra a aliança, se opõe à ação, e não houve acordo sobre quem deve comandá-la.

NOVOS ATAQUES
Ontem à noite, relatos davam conta de novos ataques a Trípoli. O governo líbio acusou a coalizão de matar civis em bombardeios a portos e ao aeroporto de Sirte, terra de Gaddafi. Até a conclusão desta edição, não havia detalhes sobre o total de mortos.
Militares americanos, por sua vez, disseram que os avanços dos governistas sobre Benghazi e Ajdabiyah foram contidos pelos ataques. Segundo moradores de Misrata, forças pró-Gaddafi alvejaram pessoas desarmadas, matando ao menos nove.


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