São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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Visita teve promessa de comprar carne

Barack Obama sinalizou a Dilma que deverá remover barreiras sanitárias para importação de produto in natura

Queda das restrições é vista como o principal resultado concreto da visita do americano ao país, encerrada ontem

NATUZA NERY
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O governo Dilma Rousseff contabiliza ao menos um resultado concreto da visita do presidente dos EUA, Barack Obama, no curto prazo: a queda de barreiras sanitárias à importação de carne bovina brasileira in natura.
A sinalização foi feita no fim de semana tanto pelo presidente americano como pelo vice-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Froman.
A pauta, porém, foi discutida reservadamente e não constava da lista dos dez acordos oficiais firmados.
O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, reivindica há anos o fim dessas barreiras. Quer, com isso, colocar os pés no maior mercado consumidor do planeta. O assunto foi tratado diretamente entre os dois presidentes: "De todas as demandas do Brasil [algodão, etanol, aço etc.], a com mais chances de sair em breve é sobre a carne", disse Obama à colega na reunião privada.
Pelo acordo em curso entre as duas nações, os EUA teriam de reconhecer 14 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal, como áreas livres de febre aftosa.
O mesmo recado foi transmitido por Froman a ministros e empresários brasileiros durante a visita oficial.
O governo americano promete remover essas barreiras no meio deste ano, mas havia temores de atraso.
Segundo o governo brasileiro, os americanos importam entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões de carne in natura e industrializada por ano. Mas o Brasil exporta somente carne bovina processada ao mercado americano, não participando das vendas para os Estados Unidos de carne in natura.
Além da exportação de carne, o Brasil também espera resultados mais imediatos sobre o acordo que prevê concessão de bolsas de estudo para universitários dos dois países, ponto que mais empolgou Dilma.

FRUSTRAÇÃO
Apesar de avaliar que o ataque à Líbia frustrou a expectativa de repercussão internacional da visita de Obama, Dilma acredita que a decisão do presidente dos EUA de manter a viagem foi uma demonstração da importância que ele dá ao Brasil.
Segundo assessores de Dilma, o presidente dos EUA tinha até motivos oficiais para fazer um cancelamento de última hora, diante da iminência de um ataque à Líbia.
Manteve a agenda, na avaliação do governo brasileiro, por considerar importante se aproximar do país no atual cenário econômico internacional, principalmente diante do avanço da China no comércio mundial.
Nas horas que antecederam a chegada de Obama, a equipe de Dilma já previa que a decisão de atacar a Líbia poderia ocorrer durante a viagem e que isso tiraria o destaque internacional do evento. A ordem acabou sendo dada no sábado.
O balanço feito pelo palácio é que "os dois falaram a mesma língua, objetiva e direta", e que isso deve facilitar as negociações daqui para a frente. Nas palavras de um assessor, houve uma "química" entre os dois.

Com ANA FLOR , de Brasília


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