São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Revista de americanos foi agressiva", diz Mercadante

Ministros reclamam de constrangimento em evento de Obama; EUA dizem que foi procedimento padrão

CLAUDIO ANGELO
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

A revista de ministros que acompanharam a agenda do presidente Barack Obama em Brasília, em evento empresarial no sábado, seguiu procedimento "padrão", segundo a Embaixada dos EUA no Brasil, comum "em todas as visitas em evento organizado pela Casa Branca".
Ministros do governo Dilma relataram constrangimento ao terem sido submetidos a uma revista por seguranças americanos na entrada do evento, organizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A revista consistiu em uso de bastão e portal detector de metais. Os ministros ainda teriam sido proibidos de usar os carros oficiais.
Eles foram escoltados por agentes americanos em um ônibus até o local e revistados na entrada.
Entre os que reclamaram estavam Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Alexandre Tombini (Banco Central) e Edison Lobão (Minas e Energia).
"Acho que foi um erro transferir naquele evento da CNI a parte de segurança para a equipe americana", disse Mercadante. "Foi uma intervenção muito agressiva, autoritária, assisti ali a episódios inaceitáveis", declarou.
Ele disse ter presenciado um segurança americano destruir com um soco uma maçã que estava na bolsa de uma mulher.
Um dos ministros contou que o esquema fez com que se sentissem como "colegiais" ou suspeitos tentando entrar nos EUA. Após a revista, eles resolveram ir embora.
O Ministério da Fazenda afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que Mantega se sentiu incomodado não apenas pela revista em si, mas porque ele e os colegas já haviam passado por segurança antes, no almoço com Obama no Itamaraty.
A CNI disse que, por um equívoco de um motorista, os ônibus das autoridades erraram o trajeto e saíram da vista dos seguranças americanos. Daí a necessidade da checagem.
O Itamaraty disse que a segurança do local foi feita pelo serviço secreto americano.
Nos eventos de que a presidente Dilma Rousseff participou, coube ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e à Polícia Federal estabelecer as regras de segurança.

MEMÓRIA
Em janeiro de 2002, o então chanceler Celso Lafer foi obrigado pela segurança dos aeroportos americanos a tirar o sapato três vezes ao longo da viagem que fez ao país. Lafer ficou irritado com a medida e demonstrou sua contrariedade ao governo americano. Procurado ontem, ele não se manifestou. No ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao episódio. "Ministro meu que tirar o sapato deixará de ser ministro. Se tiver que tirar o sapato, volte para o Brasil, porque não exigimos que ninguém tire o sapato aqui", disse.

Colaboraram NATUZA NERY e PATRÍCIA CAMPOS MELLO


Texto Anterior: Foco: "Vovó Tricolor" é presa por manifestação anti-Obama
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.