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ISRAEL
Premiê rompe com partidos religiosos, mas ainda pode haver acordo; "racha" poderia precipitar eleição
Sharon tenta contornar crise no governo
DA REDAÇÃO
Integrantes da coalizão do premiê de Israel, Ariel Sharon, tentavam ontem contornar uma grave crise no governo, que poderia
obrigá-lo a ter de governar com
frágil maioria no Parlamento ou
enfrentar eleições antecipadas.
Na segunda-feira, Sharon rompeu com dois partidos ultra-ortodoxos que ajudavam a sustentá-lo, o Shas e o Judaísmo Unido da
Torá (JUT). Sharon disse ontem
que não voltaria a negociar com
eles até nova votação, hoje, de um
pacote econômico emergencial
para redução de gastos públicos
-tema que deu origem à crise.
O premiê demitiu ministros e
vice-ministros do Shas e do JUT
após terem se negado a apoiar o
governo em votação anteontem,
quando o pacote foi rejeitado.
Com isso, se as partes não entrarem em acordo, Sharon, que contava com maioria no Parlamento
de 82 dos 120 deputados, passaria
a contar com apenas 60. Bastaria
assim que um parlamentar governista apoiasse moção de desconfiança da oposição para derrubar
o governo.
Analistas políticos disseram ontem que ainda há a possibilidade
de uma volta atrás. A demissão
dos ministros só passa a vigorar à
meia-noite de hoje. Tanto o premiê quanto os partidos ainda teriam interesse em cooperar.
A economia israelense tem sido
duramente afetada pelo conflito
com os palestinos. O déficit público vem aumentando em razão de
gastos com equipamento militar e
segurança. O governo tenta equilibrar suas contas cortando isenções e incentivos fiscais. Isso deve
ser sentido nos bolsos dos mais
pobres e mais religiosos -justamente o eleitorado do Shas, partido que é hoje a terceira maior força política, com 17 deputados.
O líder do Shas, Eli Yishai, deixou as portas abertas para negociações. "Se o premiê estiver aberto para negociar, vamos negociar." Horas depois, endureceu o
discurso e disse que "se o premiê
quer eleições, iremos às eleições".
Zeev Boim, secretário da coalizão e integrante do Likud (direita,
partido de Sharon), adotou tom
conciliatório: "Não vejo eleições
no horizonte". Ele confirmou estar tentando convencer outros
partidos como o Shinui (centro) e
a lista União Nacional (direita nacionalista) a aderir ao governo.
Sem o apoio do Shas, o premiê
passaria a depender do Partido
Trabalhista (centro-esquerda),
que, apesar de estar no governo,
desaprova a política de Sharon
com relação aos palestinos.
Os trabalhistas, por sinal, foram
parcialmente responsáveis pela
derrota governista na votação do
pacote econômico -só 14 de seus
24 deputados apareceram para
votar. Parte cada vez maior do
partido exige que ele retire o
apoio a Sharon.
A popularidade de Sharon está
em alta após a ofensiva militar do
Exército para "destruir a infra-estrutura do terror" palestino na
Cisjordânia. Há quem diga no
país que ele estaria planejando
precipitar as eleições em razão do
momento político favorável.
Morte em Gaza
Disparos de soldados israelenses mataram um palestino de 17
anos em Rafah, ao sul da faixa de
Gaza. O Exército disse que abriu
fogo ao ser atacado com pedras e
explosivos. Os militares fizeram
novas incursões ontem em Belém
e Jenin, na Cisjordânia, em busca
de suspeitos por atos terroristas.
Com agências internacionais
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