São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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Eleição colombiana motiva ação na fronteira, diz general brasileiro

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TABATINGA E SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA (AM)

O general Joaquim Silva e Luna, comandante da 16ª Brigada de Infantaria da Selva, admitiu ontem que a operação que as Forças Armadas brasileiras estão promovendo na fronteira com a Colômbia foi planejada para coincidir com a última semana antes da eleição presidencial no vizinho.
A Operação Tapuru, como é chamada a manobra, visa evitar a entrada de guerrilheiros ou narcotraficantes fugindo da intensificação do conflito.
"A operação não acontece neste período por acaso. Existe um clima de expectativa, mas colocamos meios e condições para persuadir a entrada no Brasil de pessoas refugiadas, grupos guerrilheiros, paramilitares e de terroristas para fazer qualquer ilícito político em nosso território."
O general Silva e Luna foi o único oficial que falou sobre a situação política na Colômbia ontem, quando a Agência Folha acompanhou parte da Operação Tapuru em Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, no oeste do Amazonas. Antes, os militares negaram a relação. A operação é a maior já feita no gênero.
Na fronteira entre Tabatinga e a cidade colombiana de Letícia há barreiras militares fazendo a triagem da entrada de estrangeiros. "Até agora foi tudo tranquilo e achamos que o Brasil tem de fazer sua parte para garantir a segurança", disse a colombiana Maria Irma Menezes, 36.
A Operação Tapuru simula situações de combate com participação das três Forças Armadas na fronteira e faz patrulhamento ostensivo.
Ontem, por exemplo, foi treinada a entrada de uma aeronave não identificada em espaço aéreo brasileiro. Turboélices Tucano da Força Aérea interceptam o avião, forçando-o a pousar.
A 15 km de Tabatinga, no rio Solimões, um navio da Marinha faz a fiscalização na fronteira tríplice entre Brasil, Peru e Colômbia. Ali, todas as embarcações que trafegam numa área de 120 km2 são abordadas e interceptadas pelos fuzileiros navais.
Os oficiais da Força Aérea Brasileira simularam também ações no ar em São Gabriel da Cachoeira (858 km de Manaus), fazendo interceptações de aeronaves e resgate de feridos. Participam da ação, que está orçada em R$ 5 milhões, 4.000 homens.


A jornalista Kátia Brasil viajou a convite do Comando Militar da Amazônia


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