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Palestinos se unem contra grupo radical
Hamas e OLP, da qual faz parte o Fatah, apóiam o governo libanês; americanos e europeus se solidarizam com Beirute
Fatah al Islam é criticado até
pela Síria, que diz ser caso de
polícia; ONU e palestinos
pedem que Exército poupe
civis em suas intervenções
DA REDAÇÃO
Ao entrar em conflito com o
Exército libanês, o Fatah al Islam conseguiu refazer a unidade palestina contra seus métodos violentos de atuação.
O representante no Líbano
da OLP (Organização pela Libertação da Palestina), Abbas
Ziki, declarou que sua coalizão
estava disposta a ajudar os militares libaneses a "erradicar o
grupúsculo" acantonado no
campo de refugiados de Nahr al
Bared. A seu ver, essa questão
"é um assunto interno libanês",
espécie de sinal verde para que
o grupo seja neutralizado.
O maior partido da OLP é o
Fatah, liderado por Mahmoud
Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina. Os grupos que integram a OLP têm
uma concepção laica da política
e se opõem à islamização do
projeto palestino.
Mesmo assim, o Hamas, partido religioso com maioria parlamentar na Cisjordânia e Gaza, também se dissociou do Fatah al Islam. Segundo o "Le
Monde", em telefonema ao primeiro-ministro libanês, Fuad
Siniora, o líder político do grupo, Khaled Meshal, exilado na
Síria, disse que "não podemos
permanecer de braços cruzados diante das agressões de que
foi alvo o Exército libanês".
Tanto Meshal quanto Abbas
Ziki insistiram, no entanto, para que as forças regulares do Líbano não bombardeiem indiscriminadamente, para evitar
novas vítimas civis.
Reação da Síria
A Síria rejeitou ontem as acusações de integrantes do governo libanês de que estaria por
detrás das ações do grupo palestino islâmico. "Estamos
atrás deles, apelando até à Interpol [polícia internacional]",
disse o chanceler, Walid Moualem. "Rejeitamos essa organização, que presta um desserviço a causa palestina e que não
procura libertar a Palestina."
Uma das interpretações para
a eclosão da violência nas imediações de Trípoli era o fato de
o Conselho de Segurança ter
em pauta a votação da criação
de um tribunal especial para
julgar os autores do assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri,
no qual o governo sírio é apontado como principal suspeito.
Para o ministro Moualem, no
entanto, a iniciativa "é um instrumento dos Estados Unidos
para solapar a [autoridade da]
Síria" no Oriente Médio.
Unanimidade pró-Líbano
Todas as reações convergiram no apoio ao governo libanês e na condenação dos extremistas palestinos islâmicos.
Um dos porta-vozes da Casa
Branca, Tony Flatto, disse que
seu país "acredita na democracia libanesa e apóia o primeiro-ministro Siniora". No Departamento de Estado, o porta-voz
Sean McCormack afirmou que
o Exército libanês está atuando
de um modo "legítimo" para garantir a segurança interna.
Lembrou que um dos dirigentes do Fatah al Islam foi condenado à morte por contumácia,
pelo assassinato de um alto
funcionário americano.
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, condenou "os
ataques contra a estabilidade e
a soberania do Líbano" e apelou para que as partes envolvidas protejam os civis inocentes.
Em Berlim, o governo alemão,
que exerce a presidência rotativa da União Européia, reiterou
o apoio ao premiê libanês e
condenou os radicais que entraram em confronto com o
Exército daquele país.
A França, importante por ter
exercido até 1943 o protetorado do Líbano, disse confiar na
capacidade do governo libanês
de restaurar a ordem. O chanceler Bernard Kouchner telefonou ao premiê Siniora.
O comissário para questões
diplomáticas da União Européia, Javier Solana, com viagem
já marcada para o Oriente Médio, disse que reiteraria o testemunho de apoio do bloco europeu ao premiê Siniora.
Com agências internacionais
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