ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O governo cubano liberou o passaporte de Hilda Morejón, 89, mãe da neurocirurgiã cubana Hilda Molina, 65, que tentava havia 13 anos autorização para viajar a Buenos Aires para encontrar familiares.
Molina, que dirigiu um centro de restauração neurológica e foi deputada em Cuba, tornou-se dissidente por discordâncias com o tratamento diferenciado dado a estrangeiros em seu hospital. Para negar sua saída, o governo diz que o seu "cérebro pertence ao país". Para a mãe dela, nunca havia sido apresentada uma justificativa.
Há um mês, Molina havia concentrado esforços em conseguir que a mãe viajasse à Argentina porque tem problemas de saúde -enxerga mal e anda de cadeira de rodas. Segundo ela, faltam poucos trâmites junto ao serviço de imigração, e Morejón poderia viajar nas próximas semanas.
De Cuba, Hilda Molina afirmou à Folha por telefone que a mudança no poder contribuiu para a solução do problema. "Vejo que o senhor Raúl Castro ama muito a sua família e entendeu que minha mãe é uma senhora normal. É uma questão familiar e não política."
Segundo ela, a mãe não pretende ficar em Buenos Aires. "Ela é muito cubana. Quer conhecer os bisnetos, ser tratada pelo neto, que é médico, e voltar em alguns meses."
Em Buenos Aires, Roberto Quiñones, filho de Molina, agradeceu a Raúl Castro "pela mudança de atitude e pelo forte gesto de sensibilidade". Mas preferiu não perguntar quando a viagem poderia acontecer. "Com um sinal assim, não se deve perguntar muito. Pode ser inconveniente."
Quiñones se mudou para Buenos Aires após conseguir autorização para sair de Cuba por uma viagem de estudos. Por 13 anos, a família pediu a ajuda de presidentes e até do Vaticano para resolver o caso.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, agradeceu ontem o gesto feito por Cuba.


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