|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA
Killen, 80, pode pegar até 60 anos pela morte de três ativistas de direitos dos negros, caso que inspirou "Mississippi em Chamas"
Ex-KKK é condenado por crime de 1964
DA REDAÇÃO
O ex-líder da Ku Klux Klan
(grupo supremacista branco dos EUA) Edgar Ray Killen, 80, foi
condenado ontem por homicídio
culposo num processo sobre o assassinado de três ativistas de direitos civis, em 1964, no Mississippi. O caso é um marco na história
americana, porque a mobilização
em torno dele levou à aprovação,
ainda em 1964, do Civil Rights
Act, a lei de direitos civis. O drama
inspirou o filme "Mississippi em
Chamas" (1988), dirigido por
Alan Parker e estrelado por Gene
Hackman e William Dafoe.
O veredicto, anunciado no 41º
aniversário das mortes e após dois
dias de deliberação pelo júri, foi
menos severo do que queriam os
promotores do Estado, que acusavam Killen de dolo.
Sentado em uma cadeira de rodas e com uma máscara de oxigênio, o ex-KKK assistiu impassível
à leitura do veredicto, sendo amparado por sua mulher.
Detido imediatamente após o
anúncio, Killen pode ser sentenciado a até 60 anos de prisão (20
por morte). A sentença deve ser
fixada amanhã.
O crime
Os ativistas James Chaney, 21,
Andrew Goodman, 20, e Michael
Schwerner, 24, que faziam campanha pelo registro de eleitores
negros, foram vítimas de uma
emboscada em 21 de junho de
1964 por policiais e membros da
KKK, na Filadélfia. Seus corpos
foram encontrados 44 dias depois
numa represa. Eles haviam sido
espancados e mortos a tiros.
O advogado de Killen, James
McIntyre, disse que irá apelar. Ele
afirmou à corte que seu cliente,
um pastor batista, "pode ter-se associado" com a KKK, mas não teve envolvimento com os crimes
nem estava presente quando
ocorreram. Os procuradores alegam, porém, que há evidência da
participação de Killen na organização dos ataques.
Segundo o jurado Warren Paprocki, o júri estava inicialmente
dividido sobre o caso. "Por um lado, o cara precisava ser condenado. Por outro, o Estado precisava
apresentar evidências mais fortes", afirmou.
Parentes das vítimas afirmaram
que o julgamento foi um passo
importante, mas que outras pessoas também deveriam ser responsabilizadas pelas mortes.
"O fato de alguns dos jurados
terem vivido naqueles anos e ainda assim não terem reconhecido
que aqueles atos foram assassinatos indica que ainda há pessoas
entre nós que escolhem olhar para outro lado, escolher não ver a
verdade", disse Rita Bender, viúva
de Schwerner. "Killen não agiu
num vácuo. O Estado do Mississippi foi cúmplice nesses crimes."
Killen foi a única pessoa julgada
por assassinato pelas três mortes.
Um julgamento em 1967 condenou sete membros da KKK por
períodos de três a dez anos, por
violação dos direitos civis. Killen
foi poupado na ocasião, quando
um jurado se disse incapacitado
de condenar um pregador. O caso
foi reaberto em 2004.
Na última década, uma nova geração de procuradores impulsionados por reportagens, pelas famílias das vítimas e mesmo por
suas lembranças da juventude
reabriu alguns dos casos mais notórios da época.
Em 1994, Byron de la Beckwick
foi condenado pelo assassinato,
em 1963, do ativista de direitos civis Medgar Ever. Mais recentemente, o corpo de Emmett Till,
um menino negro de 14 anos que
foi seqüestrado e morto no Mississippi em 1955, foi exumado a
pedido de procuradores que estão
reinvestigando o caso.
Com agências internacionais e "The New York Times"
Texto Anterior: Iraque sob tutela: Ministro iraquiano acusa EUA de atrasarem interrogatório de Saddam Próximo Texto: Panorâmica - Chile: Ex-ditador Pinochet é hospitalizado novamente Índice
|