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Advogado de defesa de Saddam é morto a tiros em Bagdá
Khamis al Obaidi é o 3º membro da defesa a ser assassinado desde o início do julgamento; ex-ditador inicia greve de fome
Grupo armado seqüestra
ao menos 80 operários em Taiji (norte); sete marines são indiciados pela morte de
um civil iraquiano em abril
DA REDAÇÃO
Um dos principais advogados
da equipe que defende Saddam
Hussein foi assassinado ontem
depois de ter sido seqüestrado
em sua casa por homens vestidos com uniformes de policiais.
É o terceiro advogado da defesa
do ex-ditador a ser morto desde
que seu julgamento teve início,
em outubro do ano passado.
O assassinato de Khamis al
Obaidi, um árabe sunita, reacende questionamentos de que
a violência sectária, em parte
impulsionada por milícias xiitas que operam dentro da polícia contra a minoria sunita que
dominava o país durante a era
de Saddam, possa impedir um
julgamento justo.
O corpo de Obaidi, que representava também Barzan Ibrahim, meio-irmão do ex-ditador,
foi encontrado em uma rua
próxima à área xiita de Sadr
City, de acordo com a polícia.
Segundo a mulher de Obaidi,
cerca de 20 homens armados
chegaram à casa onde o casal
morava, às 7h, e disseram ao
advogado: "Somos da segurança interna e precisamos interrogá-lo".
O corpo foi achado duas horas depois. A polícia disse que
ele recebeu oito tiros e apresentava sinais de tortura. Os
dois braços foram quebrados.
Greve
Em protesto, Saddam e os
outros sete réus iniciaram uma
greve de fome por tempo indeterminado, de acordo com o líder da equipe de defesa, Khalil
al Dulaimi. Eles estão sendo
julgados pelo massacre de mais
de 140 moradores do vilarejo
xiita de Dujail em 1982.
"[Os réus] vão continuar a
greve até que a equipe de defesa
receba proteção internacional", disse Dulaimi.
O advogado-chefe pediu a
suspensão do processo e que os
réus sejam levados ao exterior
por medida de segurança.
"Consideramos os governos
americano e iraquiano, e especialmente as milícias, responsáveis pelo assassinato de Obaidi", afirmou.
Mas o promotor-chefe, Jaafar al Moussawi, disse que o assassinato "não irá afetar ou
atrasar o julgamento". A próxima audiência está marcada para 10 de julho.
A Promotoria iraquiana pediu anteontem que o ex-ditador e dois de seus homens de
confiança sejam condenados à
morte e enforcados.
Ontem, o cardeal Paul Poupard, presidente do Conselho
Pontifício da Cultura, do Vaticano, fez uma apelo para que
Saddam não seja condenado à
morte, afirmando que "a vida
humana é sempre inviolável".
"Toda criatura, até a mais
desgraçada, foi criada à imagem
e semelhança de Deus", disse o
cardeal, de acordo com a agência de notícias italiana Ansa.
Seqüestros
Também ontem, dezenas de
homens armados seqüestraram ao menos 80 iraquianos,
funcionários de uma fábrica,
que viajavam em um comboio
de ônibus em Taji, ao norte de
Bagdá. Uma testemunha chegou a dizer que era pelo menos
cem o número de seqüestrados.
A maioria dos reféns são árabes xiitas, e a fábrica está localizada em uma área de predominância sunita.
A polícia afirmou que cerca
de 30 reféns foram libertados
mais tarde. O paradeiro dos demais era desconhecido até a
noite de ontem.
A Chancelaria russa pediu
que os seqüestradores de quatro funcionários da embaixada
tomados como reféns há mais
de duas semanas em Bagdá
poupem suas vidas.
O apelo foi feito depois que
um grupo ligado à rede terrorista Al Qaeda disse em nota na
internet que decidiu matá-los.
Os seqüestradores haviam fixado prazo até a última segunda-feira para que as tropas russas
se retirassem da Tchetchênia.
A explosão de um carro-bomba perto de uma sorveteria
em Sadr City matou ao menos
três pessoas e feriu outras oito.
Indiciamento
O Corpo de Fuzileiros Navais
dos Estados Unidos afirmou
ontem que sete marines e um
marinheiro foram indiciados
pelo assassinato de um civil iraquiano em abril passado, no vilarejo de Hamdania.
A acusação é que os militares
retiraram o iraquiano desarmado de sua casa e o mataram a
tiros, sem ter havido reação.
Eles também enfrentam acusações de seqüestro, conspiração
e falso testemunho.
Com agências internacionais
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