São Paulo, quarta-feira, 22 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nações Unidas cobram mais ajuda humanitária de países emergentes

Apesar da crise, ONU arrecadou 49% da meta de US$ 9,5 bi de doações para 2009

Sajjad Qayyum - 8.jul.09/France Presse
Refugiados de conflito no vale do Swat (Paquistão) fazem fila para receber ajuda da ONU

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Apesar de sua crescente importância política e econômica, a participação de países emergentes como o Brasil nas doações para ajuda humanitária ao redor do mundo continua bem aquém do esperado pelas Nações Unidas.
A avaliação é do subsecretário da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, que ontem apresentou em Genebra um balanço surpreendentemente positivo da campanha de arrecadação deste ano.
Segundo ele, foram arrecadados US$ 4,6 bilhões nos primeiros seis meses e meio do ano, o equivalente a 49% da meta para 2009, de US$ 9,5 bilhões. Um volume recorde, que derrubou as previsões pessimistas geradas pela crise.
Holmes lembrou, contudo, que as necessidades neste ano também são maiores, o que torna o montante que resta para alcançar a meta, de US$ 4,8 bilhões, também um recorde.
O motivo é o agravamento de crises humanitárias em locais como Paquistão, Sri Lanka e territórios palestinos e o aumento dramático do número de pessoas assistidas, que passou de 28 milhões em 2008 para 43 milhões neste ano.
Os altos preços das matérias-primas, principalmente o petróleo, a crise econômica e as mudanças climáticas completam o quadro de carências, que obrigou a ONU a aumentar a meta de arrecadação em 19% no primeiro semestre.
As necessidades em alta têm levado a ONU a focar na ampliação do reduzido clube de doadores. Entre os 20 principais países doadores não há nenhum dos grandes emergentes, como os países que compõem o chamado grupo Bric -Brasil, Rússia, Índia e China.
Na lista da ONU, feita com base na proporção do PIB (Produto Interno Bruto) que cada país dedica à ajuda humanitária internacional, os primeiros são Arábia Saudita (0,19%), Suécia (0,14%) e Noruega (0,13%). Não há latino-americanos entre os 20 primeiros.
"Emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China, Argentina e México são alvos preferenciais para expandirmos a base de doadores", disse Holmes. "Com o aumento de seu peso político e econômico, esses países também têm mais responsabilidades. A ajuda humanitária é uma delas."
No caso do Brasil, o esforço foi intensificado a partir de 2006, com a criação do Grupo Interministerial de Ajuda Humanitária Internacional, no qual o Itamaraty coordena o trabalho de 11 ministérios.
As últimas ações incluíram o envio de 14 toneladas de alimentos e remédios à faixa de Gaza em janeiro e de 45 mil toneladas de arroz a países afetados por furacões na América Central, um mês depois.


Texto Anterior: Atentados em duas cidades do leste afegão deixam seis mortos
Próximo Texto: Europa critica plano israelense de expansão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.