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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Co-fundador do Hamas é morto em Gaza; Mazen diz que foi "crime horrendo" e suspende ação contra terroristas

Israel ataca Hamas; grupos sustam trégua

Adel Hana/Associated Press
Palestinos tentam tirar corpo de carro destruído em ação que matou Chanab, em Gaza


DA REDAÇÃO

Os principais grupos terroristas palestinos declararam ontem o fim formal da trégua anunciada no dia 29 de junho, após um co-fundador do Hamas ter sido morto em um ataque com um míssil israelense em Gaza. A morte de Ismail Abu Chanab -considerado pelos palestinos e por analistas independentes como um moderado dentro do grupo- foi uma resposta ao atentado suicida que matou ao menos 20 em Jerusalém na última terça-feira. Segundo o Exército de Israel, ele estaria planejando novos atentados.
As ações de Israel, cujo gabinete também aprovou novas operações contra os grupos terroristas, levaram ainda o premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), a congelar o que seus assessores diziam que seria uma grande operação de combate aos grupos armados ilegais.
Milhares de palestinos se concentraram em frente à casa de Chanab em Gaza para protestar contra Israel e Mazen.
O fim da trégua coloca em xeque a continuidade do plano de paz para a região patrocinado pelos EUA, relançado no início de junho, que prevê a implementação de um Estado palestino independente até 2005.
A trégua terrorista era considerada um dos principais passos necessários para a continuidade do plano, apesar das ações terroristas posteriores ao anúncio da trégua, justificadas pelos grupos como "atos de vingança" por ações militares israelenses. O atentado de terça-feira foi reivindicado pelo Hamas e pelo Jihad Islâmico como uma vingança pela morte de um líder do Jihad em uma operação militar israelense em Hebron.
"Instamos todas as nossas células de combatentes na Palestina a atacar em todos os cantos do Estado judeu", disse um comunicado do braço armado do Hamas.
Ontem mesmo, o grupo disparou mais de uma dúzia de morteiros e mísseis contra assentamentos judaicos na faixa de Gaza e a cidade de Sderot, em Israel, causando danos leves, sem feridos.
O premiê palestino denunciou o ataque israelense a Chanab, que matou também dois guarda-costas e feriu 15 pessoas, como "um crime horrendo". Seu ministro da Informação, Nabil Amr, acusou Israel de sabotar as tentativas da ANP (Autoridade Nacional Palestina) de convencer os grupos armados a interromper os ataques.
Um porta-voz do chefe de segurança palestino, Mohammad Dahlan, disse que suas forças trabalhavam nos detalhes de um plano que incluiria a prisão de vários militantes terroristas, mas que foi suspenso após o ataque a Chanab.
Gideon Meir, porta-voz da Chancelaria israelense, disse que a ANP deveria ter agido mais rapidamente. "Se tivesse havido uma vontade da liderança palestina para realmente tomar uma atitude, poderia ter sido em uma hora ou duas horas após o terrível ataque terrorista", disse.
O ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid, moderado, disse ter proposto ao governo dar um prazo de três dias para que as forças de segurança palestinas agissem contra os terroristas, mas que sua proposta foi recusada pelo gabinete de segurança israelense.
Ontem de manhã, tropas israelenses entraram em três cidades da Cisjordânia -Nablus, Jenin e Tulkarem. Um palestino de 16 anos foi morto por uma bala perdida em um tiroteio.
Israel e os EUA pressionam Mazen a combater os grupos terroristas, mas o premiê, politicamente fraco, alega não ter como usar a força contra eles, sob pena de provocar uma guerra civil entre os palestinos. Mazen foi nomeado premiê em abril pelo presidente da ANP, Iasser Arafat, afastado do processo de paz por exigência de Israel e dos EUA, que o acusam de fomentar ou tolerar o terrorismo. Arafat, confinado por Israel em seu QG em Ramallah há meses, nega as acusações.

Com agências internacionais

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