São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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Bush pede tropas e promete US$ 230 milhões ao Líbano

Em entrevista, presidente diz que EUA não sairão do Iraque enquanto estiver no cargo

Americano afirma estar preocupado com possível guerra civil iraquiana e resume os problemas no Oriente Médio a terrorismo


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Em defesa de sua cada vez mais criticada política para o Oriente Médio, o presidente George W. Bush disse que liberará US$ 230 milhões em ajuda para o Líbano, urgiu os franceses a mandarem mais soldados para a região, afirmou que as tropas norte-americanas não deixarão o Iraque enquanto ele for presidente e culpou terroristas e "os Estados que os apóiam, Irã e Síria" pela crise.
"A comunidade internacional deve designar agora a liderança para essa nova força, dar a ela regras militares robustas e enviá-las o mais rápido possível para assegurar a paz", disse sobre o Líbano, referindo-se ao efetivo de 15 mil homens aprovado pela ONU para a região e à demora de líderes europeus, França principalmente, em assumir o comando e se comprometer a enviar mais homens.
Bush anunciou ainda uma ajuda de US$ 230 milhões para o Líbano, que sofreu um prejuízo estimado em US$ 2 bilhões após 34 dias de ataques de Israel em retaliação ao seqüestro de dois soldados pelo grupo terrorista libanês Hizbollah. Indagado por que os EUA davam a impressão de sempre estar do lado de Israel, disse que o conflito nunca teria ocorrido não fosse o lançamento de foguetes por parte do Hizbollah, "um Estado dentro de um Estado".
Para o presidente norte-americano, "Israel tem o direito de se defender", e o Hizbollah terá de se desarmar com o tempo, "porque você não pode ter uma democracia com um partido político armado disposto a bombardear o vizinho sem o consentimento do governo". E quem arma o Hizbollah? "Irã é obviamente parte do problema", disse, assim como a Síria.
É por isso que o Irã não pode ter um programa nuclear, afirmou o norte-americano -Teerã tem de responder a uma decisão da ONU sobre enriquecimento de urânio até hoje. "Eles apoiam o Hizbollah. Eles encorajam uma facção mais radical do islã. Imagine quão difícil essa questão (o conflito entre Israel e Hizbollah) seria se o Irã tivesse armas nucleares".
Para ele, a violência no Líbano, em Gaza e no Iraque fazem parte do mesmo problema: "Grupos de terroristas que querem parar o avanço da democracia" na região, que precisa do apoio dos Estados Unidos. "Nós não estamos indo embora" do Iraque. "Pelo menos não enquanto eu for presidente." Bush pela primeira vez reconheceu a questão da guerra civil naquele país, onde as mortes resultantes da violência sectária dispararam -embora não tenha necessariamente concordado com sua existência.
"Ouço falar bastante de uma guerra civil", disse. "Estou preocupado com isso, é claro, e falei com várias pessoas a esse respeito. Concluí que os iraquianos querem um país unido e que a liderança do Iraque está determinada a acabar com esforços dos extremistas, radicais e da Al Qaeda, e que as forças de segurança seguem coesas."

Piadas
Bem-humorado, brincando com os repórteres numa entrevista coletiva que foi anunciada menos de duas horas antes de acontecer, o presidente deixou sua política externa dominar a conversa na manhã de ontem. Mas falou também de seus críticos internos e dos adversários nas eleições de novembro, que renovarão parte do Congresso e dos governos estaduais -em tom mais conciliador do que vinha usando nos últimos dias.
"Eu nunca questionaria o patriotismo de quem discorda de mim", disse, quando questionado sobre republicanos, incluindo o vice-presidente, Dick Cheney, que afirmaram que a campanha antiguerra dos democratas ajuda indiretamente o terrorismo.
Segundo pesquisa do jornal "USA Today" com o instituto Gallup divulgada ontem, a popularidade de Bush saltou de 37% para 42% em dez dias. É o índice mais alto em seis meses, graças ao anúncio de que um plano terrorista para explodir aviões rumo aos EUA foi desmantelado pela polícia britânica há duas semanas.
A pesquisa foi feita entre os últimos dias 18 e 20, com 1.001 americanos, e tem margem de erro de três pontos percentuais em ambas as direções.


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