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Bush pede tropas e promete US$ 230 milhões ao Líbano
Em entrevista, presidente diz que EUA não sairão do Iraque enquanto estiver no cargo
Americano afirma estar preocupado com possível guerra civil iraquiana e resume os problemas no Oriente Médio a terrorismo
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Em defesa de sua cada vez
mais criticada política para o
Oriente Médio, o presidente
George W. Bush disse que liberará US$ 230 milhões em ajuda
para o Líbano, urgiu os franceses a mandarem mais soldados
para a região, afirmou que as
tropas norte-americanas não
deixarão o Iraque enquanto ele
for presidente e culpou terroristas e "os Estados que os
apóiam, Irã e Síria" pela crise.
"A comunidade internacional deve designar agora a liderança para essa nova força, dar
a ela regras militares robustas e
enviá-las o mais rápido possível
para assegurar a paz", disse sobre o Líbano, referindo-se ao
efetivo de 15 mil homens aprovado pela ONU para a região e à
demora de líderes europeus,
França principalmente, em assumir o comando e se comprometer a enviar mais homens.
Bush anunciou ainda uma
ajuda de US$ 230 milhões para
o Líbano, que sofreu um prejuízo estimado em US$ 2 bilhões
após 34 dias de ataques de Israel em retaliação ao seqüestro
de dois soldados pelo grupo terrorista libanês Hizbollah. Indagado por que os EUA davam a
impressão de sempre estar do
lado de Israel, disse que o conflito nunca teria ocorrido não
fosse o lançamento de foguetes
por parte do Hizbollah, "um
Estado dentro de um Estado".
Para o presidente norte-americano, "Israel tem o direito de se defender", e o Hizbollah terá de se desarmar com o
tempo, "porque você não pode
ter uma democracia com um
partido político armado disposto a bombardear o vizinho sem
o consentimento do governo".
E quem arma o Hizbollah? "Irã
é obviamente parte do problema", disse, assim como a Síria.
É por isso que o Irã não pode
ter um programa nuclear, afirmou o norte-americano -Teerã tem de responder a uma decisão da ONU sobre enriquecimento de urânio até hoje. "Eles
apoiam o Hizbollah. Eles encorajam uma facção mais radical
do islã. Imagine quão difícil essa questão (o conflito entre Israel e Hizbollah) seria se o Irã
tivesse armas nucleares".
Para ele, a violência no Líbano, em Gaza e no Iraque fazem
parte do mesmo problema:
"Grupos de terroristas que querem parar o avanço da democracia" na região, que precisa
do apoio dos Estados Unidos.
"Nós não estamos indo embora" do Iraque. "Pelo menos não
enquanto eu for presidente."
Bush pela primeira vez reconheceu a questão da guerra civil naquele país, onde as mortes
resultantes da violência sectária dispararam -embora não
tenha necessariamente concordado com sua existência.
"Ouço falar bastante de uma
guerra civil", disse. "Estou
preocupado com isso, é claro, e
falei com várias pessoas a esse
respeito. Concluí que os iraquianos querem um país unido
e que a liderança do Iraque está
determinada a acabar com esforços dos extremistas, radicais
e da Al Qaeda, e que as forças de
segurança seguem coesas."
Piadas
Bem-humorado, brincando
com os repórteres numa entrevista coletiva que foi anunciada
menos de duas horas antes de
acontecer, o presidente deixou
sua política externa dominar a
conversa na manhã de ontem.
Mas falou também de seus críticos internos e dos adversários
nas eleições de novembro, que
renovarão parte do Congresso
e dos governos estaduais -em
tom mais conciliador do que vinha usando nos últimos dias.
"Eu nunca questionaria o patriotismo de quem discorda de
mim", disse, quando questionado sobre republicanos, incluindo o vice-presidente, Dick
Cheney, que afirmaram que a
campanha antiguerra dos democratas ajuda indiretamente
o terrorismo.
Segundo pesquisa do jornal
"USA Today" com o instituto
Gallup divulgada ontem, a popularidade de Bush saltou de
37% para 42% em dez dias. É o
índice mais alto em seis meses,
graças ao anúncio de que um
plano terrorista para explodir
aviões rumo aos EUA foi desmantelado pela polícia britânica há duas semanas.
A pesquisa foi feita entre os
últimos dias 18 e 20, com 1.001
americanos, e tem margem de
erro de três pontos percentuais
em ambas as direções.
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