São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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Bush censura dados antes disponíveis ao público

Ação foi revelada por entidade não-governamental

DE WASHINGTON

O governo George W. Bush tornou inacessíveis informações sobre o número e a localização de mísseis nucleares que eram públicas desde antes do fim da Guerra Fria, em 1989. A política é consistente com ações que a administração do republicano toma desde o 11 de Setembro, quando passou a censurar dados que já eram de domínio público.
A justificativa do governo é que as prioridades mudaram após o ataque terrorista, mas novas censuras reveladas na sexta-feira pelo Arquivo de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), uma entidade não-governamental ligada à Universidade George Washington, mostram que muitos dos documentos não têm nenhum valor para a segurança nacional ou mesmo para auxiliar a chamada "guerra ao terror".
As informações recentemente censuradas pelo Pentágono estão em documentos oficiais do Departamento de Defesa de 1967 e 1971: o número de mísseis nucleares tipo Minuteman (1.000) e Titan 2 (54) e mísseis balísticos submarinos (656).
"Será difícil encontrar melhores candidatos para censura injustificável do que essas decisões de classificar o número de armas estratégicas dos EUA", escreveu William Burr, diretor do NSA, no relatório que revela a ação. O caso foi a notícia principal da primeira página do "Washington Post" de ontem.
"O Departamento de Defesa leva a sério sua responsabilidade de classificar [censurar, no jargão da comunidade de inteligência] informações"", disse o major Patrick Ryder, porta-voz do Pentágono.
O número de documentos classificados ou "reclassificados" aumentou na gestão Bush, diz estudo realizado em 22 agências governamentais pela Coalizão de Jornalistas para um Governo Aberto. Entre 2000 e 2004, as razões para não tornar públicos documentos sob o Ato de Liberdade de Informações (Foia, na sigla em inglês) subiu 22%.
Na análise que faz das descobertas, Burr compara o mesmo documento tornado público em duas ocasiões diferentes. Na primeira cópia, obtida em 1999, um memorando enviado pelo então secretário Robert McNamara traz todos os números de mísseis balísticos e de bombardeiros que os EUA pretendem ter nos anos seguintes. Na cópia de 2006, os números estão riscados. (SÉRGIO DÁVILA)


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