|
Próximo Texto | Índice
Deportação provoca protestos nos EUA
Mexicana Elvira Arellano, 32, foi expulsa do país por ser imigrante ilegal, depois de passar um ano refugiada em igreja
Greve de fome e paralisação de latinos são marcadas para 12 de setembro contra deportações e pedindo nova e ampla Lei de Imigração
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma paralisação de trabalhadores latino-americanos e até
uma greve de fome são as primeiras manifestações convocadas ontem contra a deportação
da mexicana Elvira Arellano,
32, dos Estados Unidos.
Ela foi deportada no sábado,
depois de passar um ano refugiada em uma igreja em Chicago para fugir da expulsão.
Mãe solteira de Saúl, 8, nascido nos EUA, Arellano se tornou
ativista pelos direitos dos imigrantes. A revista "Time" a colocou na lista das "pessoas que
fizeram diferença" em 2006.
Na semana passada, ela deixou a igreja para começar uma
campanha no país para pedir
uma reforma imigratória. A ativista tinha acabado de fazer um
discurso em Los Angeles quando foi presa e deportada.
"Eles se apressaram em me
deportar porque viram que eu
ameaçava mobilizar e organizar nosso povo para lutar pela
legalização", disse Arellano à
agência Associated Press.
Como Saúl nasceu nos EUA,
ele não pode ser deportado. Ele
está com a mãe em Tijuana
(México), mas voltará a Chicago, onde começa a cursar o terceiro ano do equivalente ao ensino fundamental americano
em setembro, e vai morar na
casa de sua madrinha, Emma
Lozano.
Existem 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA, 80%
dos quais mexicanos. Uma reforma imigratória que prometia criar um mecanismo para a
regularização gradual dos que
vivem no país há no mínimo
cinco anos foi engavetada.
"O incidente chama atenção
para o sofrimento de centenas
de milhares de famílias de imigrantes que foram separadas
por um sistema imigratório que
não funciona", disse à Folha
Ronald Blackburn-Moreno,
presidente da Aspira, uma das
maiores organizações hispânicas do país, em Washington.
"Não podemos aceitar essa
separação em uma sociedade
civilizada. Foram os republicanos que bloquearam a reforma
imigratória, logo eles que dizem defender tanto os valores
familiares", diz.
A Coalização 1º de Maio pediu que os imigrantes não trabalhem em 12 de setembro
nem comprem nada em grandes lojas, como foi feito no ano
passado em 1º de maio. Em 12
de setembro, outro ativista,
Victor Toro, será julgado.
No mesmo dia, protestos estão marcados para Washington, Los Angeles e Albany, capital do Estado de Nova York,
para pedir fim às deportações e
uma reforma imigratória justa.
Em Nova York, uma greve de
fome é organizada pelo movimento pacifista "Troops Out
Now" (retirada das tropas já).
O movimento compara Arellano a Rosa Parks, a negra que
foi detida quando se negou a
ceder o seu assento em um ônibus a um passageiro branco
nos EUA -detonador, nos anos
1950, do movimento pelos direitos civis dos negros.
O Ministério de Relações Exteriores do México criticou a
atitude das autoridades americanas. Segundo a Chancelaria,
a deportação não coincide com
"o espírito e os termos estabelecidos pelos acordos bilaterais
para repatriação segura e ordenada". Arellano disse que, durante sua prisão em um escritório da Imigração em Santa
Ana, Califórnia, foi impedida
de se reunir com representantes consulares mexicanos, diz a
nota da Chancelaria.
O consulado mexicano pediu
o adiamento da deportação de
Arellano até segunda-feira para que fossem considerados
outros argumentos jurídicos,
mas teve o pedido negado.
Próximo Texto: Nova Lei de Imigração foi engavetada Índice
|