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Chávez põe militares e "milicianos" na rua
DE CARACAS
Metade do noticiário na TV
estatal destinado ao tema de
segurança na sexta-feira à
noite. "Relançamento" de
um plano contra a violência
para Caracas que inclui o envio às ruas das polícias militar, naval e área, das Forças
Armadas, e de mais 3.000
"milicianos", civis com breve
treinamento militar.
Os sinais eram muitos de
que a oposição havia encontrado um tema -a violência
no país e a inoperância do
governo- para colocar Hugo
Chávez na defensiva.
O criminologista Andres
Antillano, que participou da
comissão para a inconclusa
reforma das polícias, criticou
Chávez por responder com
"populismo punitivo" o golpe simbólico do jornal "El
Nacional", que publicou foto
do necrotério de Caracas,
abrindo a polêmica.
Já Rocío San Miguel, da
ONG Controle Cidadão, questionou o uso das polícias das
Forças Armadas, despreparadas para atuar nas ruas.
O reforço do patrulhamento foi enviado para o município Libertador, um dos cinco
que formam a capital, onde
se concentram 70% dos homicídios -e o único de administração chavista.
O governo não detalhou
como será o trabalho das
controversas milícias nem
como somam civis com treinamento militar de até três
meses a militares da reserva.
Pelos dados, em 2009,
19.133 pessoas foram assassinadas no país, ou uma a cada
27 minutos, em média.
Trata-se da "Pesquisa de
Vitimização e Percepção de
Segurança 2009", feita com
questionários aplicados por
acadêmicos e operacionalizada pelo INE, o IBGE venezuelano.
Na sexta, o "El Nacional"
encurralou ainda mais o governo ao publicar estimativas alarmantes de homicídios em 2009 -produzidas e
mantidas em segredo pelo
próprio governo.
Uma fonte ligada à pesquisa confirmou à reportagem
que os dados fazem parte do
amplo estudo de 2009 sobre
a violência que ficou pronto
em maio.
O número se traduz numa
taxa de 75 homicídios por
100 mil habitantes, mais alta
do que a do Brasil (25,3), Colômbia (37), México e até El
Salvador (61). Quando Chávez chegou ao poder, em
1999, foram 5.968 assassinatos. Em 11 anos, o número se
multiplicou por três.
As cifras deixam claro que,
se o sequestro aparece agora
disseminado em diferentes
modalidades por todas as
classes sociais, os homicídios ainda ocorrem massivamente nas áreas pobres.
Pertencem aos dois quintos mais pobres da população 83,64% das vítimas. Em
mais de 70% do total de homicídios, foram usadas armas de fogo. O governo estima que existam 3 milhões de
armas sem registro no país.
A pesquisa já havia sido
realizada em 2006, como
parte dos estudos do governo
para a reforma da polícia e
para o eventual desenho de
uma política nacional de segurança. O texto chegou a ser
divulgado, mas também não
está mais disponível na página do Ministério da Justiça.
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