São Paulo, sábado, 22 de agosto de 1998

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PROTESTO
Governo sudanês diz que fábrica não produzia armas químicas; Conselho de Segurança ainda não recebeu pedido
Sudão pede para ONU investigar ataque

Reuters
Paquistaneses manifestam apoio ao suposto terrorista Bin Laden, alvo dos ataques dos EUA anteontem


das agências internacionais

O governo do Sudão vai pedir para o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) investigar se a indústria farmacêutica bombardeada anteontem em Cartum (capital) fabricava ou não armas químicas.
Os EUA anunciaram que os ataques feitos ao Sudão e ao Afeganistão foram uma resposta às explosões nas embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia no último dia 7, quando pelo menos 263 pessoas morreram.
Segundo os norte-americanos, a indústria farmacêutica Ashifa (A Cura, em árabe) produzia clandestinamente armas químicas.
O ministro sudanês do Interior, Abdul Rahim, afirmou, no entanto, que "não existem armas químicas no país" e que a Ashifa não produzia armamentos químicos. "Nosso país possui toda documentação para provar que a fábrica jamais produziu armas químicas", afirmou o presidente sudanês, Omar Hassan al Bashir.
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu, mas não chegou a discutir os ataques. Até ontem à noite, o conselho não havia recebido o pedido sudanês.

Busca de apoio
Para conseguir resposta positiva da ONU, o Sudão começou a negociar ontem com lideranças árabes e africanas. Do Kuait, o embaixador sudanês Elfatih Mohamed Ahmed Erwa conversou por telefone com vários líderes.
Bashir disse que pedirá a Kofi Annan, secretário-geral da ONU, que as investigações sejam feitas.
O conselho ministerial da Liga Árabe anunciou que vai se reunir na próxima segunda-feira para discutir os ataques dos EUA ao Sudão e ao Afeganistão.
O secretário-geral adjunto da Liga Árabe, Almad Ben Helli, afirmou que a organização apóia o Sudão nas protestos pelo ataque à fábrica Ashifa e irá reforçar o pedido à ONU para o início das investigações.
A Organização da Unidade Africana também deve apoiar os sudaneses. O secretário-geral da entidade, Salim Ahmed Salim, disse lamentar os ataques norte-americanos de anteontem.
"Mas o maior problema dos ataques foi o seguinte: ter ferido civis", disse Salim.
O governo sudanês anunciou também que irá retirar todos os funcionários de sua embaixada em Washington. O presidente Bashir atacou Bill Clinton e afirmou que ele realizou os ataques só para desviar a atenção dos EUA do caso Monica Lewinsky.

Advertência
Já o ministro sudanês das Relações Exteriores, Mustafá Osman Ismail, advertiu os EUA de que, se houver novo ataque ao país, os norte-americanos não ficarão impunes.
Ontem, o secretário norte-americano de Defesa, William Cohen, não excluiu a possibilidade de novos ataques contra lugares suspeitos de "atividades terroristas".



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