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Legalidade do ataque gera polêmica
ALESSANDRA BLANCO
de Nova York
A legalidade do ataque militar
norte-americano ainda está gerando discussões nos EUA, baseadas
em diferentes interpretações sobre
o que determina a Carta das Nações Unidas.
A própria ONU (Organização
das Nações Unidas) continuou a
se omitir ontem sobre o assunto.
O secretário-geral, Kofi Annan,
que anteontem se limitou a afirmar que condenava o terrorismo e
aguardava mais detalhes sobre a
ação norte-americana, ontem, por
meio de seu porta-voz, voltou apenas a condenar todo tipo de terrorismo, sem fazer qualquer comentário sobre a ação militar.
O governo dos EUA informou
que tomou por base o artigo 51 da
Carta da ONU para realizar o ataque. Esse artigo determina que
"nada na presente Carta deve impedir o direito inerente individual
ou coletivo de autodefesa se um
ataque armado ocorrer contra um
membro das Nações Unidas antes
que o Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para manter a paz e a segurança internacional".
Ainda de acordo com a carta,
"as medidas tomadas pelos membros no exercício de autodefesa
devem ser imediatamente relatadas ao Conselho de Segurança e
não afetam em medida alguma a
autoridade e a responsabilidade
do Conselho de Segurança para levar a cabo uma ação como julgar
necessária para manter e restaurar
a segurança internacional".
A questão é que, para alguns especialistas, o direito de autodefesa
assegurado nesse artigo se daria
apenas no caso de um ataque contra o território de um país.
"A ação dos EUA foi ilegal. Um
país pode tomar uma ação desse
tipo em caso de emergência, ao ser
atacado por outro país. Neste caso, os EUA teriam de pedir uma
aprovação de emergência para o
Conselho de Segurança", disse o
professor de política da Universidade de São Francisco, especializado em Oriente Médio, Stephen
Zunes.
Zunes diz que a explicação dada
pelos EUA de que teria informações de um novo ataque a um alvo
norte-americano não é suficiente
para justificar a ação militar. "Os
EUA já usaram isso para justificar
outras ações que acabaram nunca
sendo explicadas."
Ele acredita que esse ataque apenas servirá para lançar uma nova
onda de terror contra o país.
"Os EUA atacaram a Líbia em
86 e, como resposta, tiveram o ataque ao avião da Pan Am em 89.
Para combater o terror, o governo
deveria parar de usar uma política
dúbia com os países da região.
Não é matando crianças iraquianas de fome e isolando o Irã, mas
protegendo Israel, que conseguirá
acabar com o terrorismo. Com essa ação, só piorou sua avaliação
perante os países árabes", disse.
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