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Justiça retém fundos do banco do Vaticano
Ação ocorre por suspeitas de lavagem de dinheiro após tentativas de transferir dinheiro para contas anônimas
No total, 23 milhões são confiscados devido a falta de dados sobre transações; Santa Sé se diz perplexa e surpresa
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Os dois principais diretores do banco do Vaticano foram colocados ontem sob investigação em inquérito sobre possível lavagem de dinheiro após a apreensão de
23 milhões (R$ 51,6 milhões) de fundos pertencentes à instituição.
O presidente do banco
-cujo nome oficial é Instituto para as Obras da Religião
(IOR)-, Ettore Gotti Tedeschi, e o diretor-geral, Paolo
Cipriani, são suspeitos de
omitir dados bancários.
Na última quarta-feira, o
Banco Central da Itália levantou preocupações sobre
tentativas do IOR de transferir fundos mantidos no banco Credito Artigiano.
Do total, 20 milhões seriam encaminhados para beneficiários anônimos no banco JP Morgan de Frankfurt, e
o restante iria para conta no
Banca del Fucino.
A Justiça italiana suspeita
que o banco do Vaticano administre, por meio de contas
identificadas apenas pela sigla IOR, grandes somas de
procedência obscura.
O IOR e seus diretores não
estão sendo acusados diretamente de lavagem de dinheiro, mas de ter negligenciado
comunicar a autoridades a
origem dos fundos, como determina a lei.
PERPLEXIDADE
Em comunicado, o Vaticano afirmou estar "perplexo e
surpreso", "considerando
que toda a informação necessária já está disponível no
Banco da Itália".
O texto diz que as transferências tinham como destino
o próprio IOR e expressa
"máxima confiança" nos diretores do banco.
Tedeschi, um especialista
em ética financeira, comanda o banco desde 2009.
Não é a primeira vez que o
IOR -que gerencia fundos
para o Vaticano e instituições
religiosas pelo mundo- se
vê envolvido em escândalo.
Em 1982, ele foi implicado
na quebra fraudulenta do
Banco Ambrosiano, na época o maior banco privado da
Itália. Seu então presidente,
Roberto Calvi, foi encontrado
morto em Londres.
O Vaticano, que era um
grande acionista do banco,
negou responsabilidade pelo
colapso, mas fez o que chamou de "pagamento de boa
vontade" de US$ 250 milhões
aos credores do Ambrosiano.
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