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Polarização marca cena política em Caracas
DO ENVIADO ESPECIAL
"Quer rodar pela Caracas em
greve ou pela Caracas que está trabalhando?", perguntou o motorista Nerio Carrero Peñaloza.
"Aqui há as duas, é só escolher."
Com cerca de 6 milhões de habitantes, a região metropolitana de
Caracas é dividida em cinco municípios autônomos. Seus prefeitos são umbilicalmente ligados ao
presidente ou ferrenhos opositores. Não há meio-termo.
Um dos aliados é Freddy Bernal,
prefeito do Município Libertador
e e um dos principais coordenadores dos Círculos Bolivarianos,
grupos civis de apoio ao governo.
O comércio funcionou parcialmente no município de Bernal.
Donos de bares e vendedores ambulantes vestiam camisetas com
slogans pró-governo. Em abril
passado, quando um golpe desalojou o presidente Hugo Chávez
do cargo por 48 horas, os saques
se concentraram nesse município. Ontem, as oposições creditaram o fracasso relativo da greve
nesse município a uma ameaça
feita no domingo por uma das líderes dos Círculos Bolivarianos.
Segundo ela, "comércio fechado é
negócio saqueado".
Outro município, o de Grande
Caracas, é administrado por Alfredo Peña, um dos principais
opositores do presidente. Peña foi
um dos políticos mais votados da
história da Venezuela. Originalmente, compunha a mesma frente política que levou Chávez ao
poder, em 1998. Brigou com o
presidente no meio do caminho.
Peña era um dos principais nomes da oposição até os distúrbios
de abril, nos quais 19 pessoas
morreram nas ruas de seu município. Chávez culpa a polícia de
Peña pelas mortes, e vice-versa.
Nos últimos dias, Chávez incentivou a realização de uma greve na
polícia metropolitana administrada pelo prefeito, que ficou numa situação difícil: foi obrigado a
combater uma greve no seu quintal e, ao mesmo tempo, defender
uma greve nacional.
"É como eu digo", afirmou o
motorista Peñaloza. "Aqui só tem
dois tipos de gente: pró-Chávez
ou contra Chávez. Não tem meio-termo."
(MA)
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