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Washington reinclui Polônia em seu novo sistema antimísseis
Anúncio feito durante visita de vice de Obama ao país europeu ameniza mal-estar causado por cancelamento de plano anterior
Moscou, que contestava localização de interceptores no plano de Bush, não se manifestou ainda sobre decisão da Casa Branca
DE GENEBRA
O governo de Barack Obama
incluiu a Polônia de volta em
um projeto de defesa antimísseis, que substitui o plano do
governo anterior engavetado
por conta de dúvidas sobre sua
eficácia e por irritar a Rússia
exatamente devido ao local onde ficariam seus interceptores,
no antigo quintal soviético.
O anúncio foi feito ontem pelo premiê polonês, Donald
Tusk, que recebeu o vice-presidente americano, Joe Biden. A
visita ameniza o mal-estar com
a decisão, em setembro, de pôr
fim ao plano de George W. Bush
para instalar um radar e interceptores de mísseis na República Tcheca e na Polônia.
Na época, os EUA não anunciaram onde o novo sistema ficaria. Disseram apenas que ele
seria menor, mais ágil e focaria
mísseis de curto e médio alcance, que poderiam atingir aliados e interesses americanos na
Europa -algo mais consonante
com a tecnologia de países hostis aos EUA do que os mísseis
capazes de chegar ao território
americano previstos por Bush.
Mas o "New York Times"
afirma que desde o início o governo Obama pretendia incluir
a Polônia no plano.
Embora os EUA tenham dito
na ocasião que a diplomacia
não pesou na decisão, a medida
havia sido em larga escala vista
como um aceno à Rússia, que
reclamava da proximidade do
sistema de seu território. O
Kremlin não comentou o anúncio ontem.
"O projeto de uma nova configuração para a defesa antimísseis é muito interessante, e
nós queremos participar dele",
declarou Tusk.
"Apreciamos que a Polônia
tenha concordado em receber
um dos elementos do plano anterior e apreciamos que o governo polonês concorde que
agora há uma forma melhor
[para a defesa]", disse Biden.
Não se sabe quanto ainda do
novo sistema ficará na Polônia.
O plano prevê colocar até 2011
interceptores do tipo SM-3 em
navios no Mediterrâneo. Esses
navios seriam equipados com o
sofisticado sistema Aegis, que
combina radares e computação
para aumentar a precisão das
armas e é usado contra mísseis
balísticos.
A partir de 2015, esses interceptores seriam levados à terra,
em algum ponto do Leste Europeu, até que em 2018 seriam
substituídos por instrumentos
mais avançados -é então, segundo fontes no Conselho Nacional de Segurança citadas pelo "Times", que a Polônia os receberia. Em 2020, o aparato seria trocado por uma nova geração, capaz de abater mísseis
transcontinentais.
As mesmas fontes do "Times" dizem ser cedo para saber
quantos interceptores ficarão
na Polônia. O plano anterior
previa todos os interceptores
estacionados no país e um radar na República Tcheca.
"Para colocar de uma forma
simples, nosso sistema representa mais segurança para a
Otan, mais segurança para a
Polônia e, em última instância,
para os EUA", declarou Biden.
A citação à Otan reforça a
análise de especialistas ouvidos
pela Folha de que a troca de
planos foi também um aceno
para a aliança militar ocidental,
já que o novo projeto, por focar
a Europa, se alinha mais com
os interesses da aliança.
Biden, figura respeitada na
região, também insistiu em
reafirmar a importância de
Varsóvia como aliada dos EUA.
Os poloneses haviam se queixado dos novos planos de Obama, sentindo-se abandonados.
Embora as populações tcheca e polonesa fossem majoritariamente contra o escudo de
Bush, os governos apreciavam
o plano, que lhes dava dividendos políticos e até financeiros,
além de salvaguarda contra a
Rússia.
(LUCIANA COELHO)
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