São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Com Bin Laden, Líbia e Iraque, democrata reúne capital para 2012

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O anúncio da retirada total das tropas americanas do Iraque até o final do ano fecha uma excelente semana para Barack Obama e o reposiciona muito positivamente na campanha de 2012.
Embora o que mais conte em qualquer eleição sejam as condições da economia (e estas permanecem pouco animadoras nos EUA), política externa e defesa costumam ser fatores importantes para os eleitores americanos.
A morte de Gaddafi já está sendo usada por Obama como confirmação de que sua cautelosa estratégia para lidar com as turbulências no mundo árabe dá certo.
A noção de os EUA "liderarem a partir da retaguarda", considerada por conservadores como desprezível e ridícula, parece estar funcionando bem: os resultados desejados vêm sendo alcançados com mínimo risco e custo para os EUA em termos tanto militares quanto financeiros.
O fim da Guerra do Iraque, e a morte de Bin Laden constituem formidável ativo para o presidente.
O mês de outubro também lhe está sendo gentil no fundamental capítulo das contribuições financeiras para a campanha. O grosso do dinheiro até agora depositado pelos mais tradicionais doadores é quase todo canalizado para o presidente.
Em grande parte, por causa da pobre qualidade dos que se candidatam a ser o seu adversário pelo Partido Republicano, semanalmente realçada pelos às vezes patéticos debates na TV.
O único oponente minimamente viável, Mitt Romney, tem contra si sua religião (mórmon), ainda vítima de preconceito por grande parte da sociedade, e a fama de "flip-flopper" (alguém que dança conforme a música, sem convicções firmes).
Se a economia não estiver bem em 2012, Obama poderá propor ao país, como Bush em 2004, que a eleição é uma escolha, não um referendo.
Ou seja: apresentar-se não como o ideal para lidar com a crise (que, aliás, ele herdou da oposição), mas como o melhor entre as alternativas.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa"


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